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As negociações climáticas globais previstas para novembro no México podem garantir progressos na forma como os países mais pobres lidam com o aquecimento global, mas o processo como um todo ainda precisa avançar mais, alertou uma diretora do Banco Mundial.

"Acho que precisamos é de algum sucesso. E alguns sucessos em algumas das coisas que estão maduras e algumas que são um pouco mais duras para que haja confiança de ambos os lados", disse a vice-presidente de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial, Kathy Sierra.

Ela se disse otimista, por exemplo, com a possibilidade de avanços a respeito de como ajudar financeiramente os países pobres a enfrentarem a mudança climática, com medidas como o financiamento de mais projetos de preservação florestal e desenvolvimento de combustíveis limpos.

"A maioria dos observadores sente que há margem para dar um par de saltos à frente", disse Sierra. "Pode não ser a negociação total de um tratado, mas há peças que as pessoas esperam juntar."

No fim do ano passado, as discussões terminaram de forma frustrante na reunião climática de Copenhague, onde não houve consenso sobre um novo tratado climático que substitua o Protocolo de Kyoto a partir de 2012. As principais divergências são a respeito dos limites de emissões para os países ricos e a ajuda climática às nações pobres.

Para Sierra, o processo está voltando a ganhar impulso após o evento de Copenhague, do qual saiu apenas um compromisso para a liberação de 30 bilhões de dólares anuais até 2012 para ajudar os países pobres a enfrentarem a mudança climática.

"As coisas ficaram mais quietas depois de Copenhague ... houve uma grande pausa no sistema ... mas minha sensação pelos meus contatos agora é de que as pessoas se reagruparam e que, embora, sim, tenha havido um ambiente fiscal muito difícil (nos países desenvolvidos), isso não significa que devamos parar", acrescentou Sierra.

Confiança

Segundo ela, os países ricos estão focados em ganhar a confiança das nações em desenvolvimento por meio do cumprimento da promessa de 30 bilhões de dólares feita em Copenhague.

Elevar essa cifra até os já definidos 100 bilhões de dólares por ano até 2020, no entanto, será um grande desafio devido às restrições orçamentárias nos países avançados, acrescentou ela. "Se e como a soma maior de dinheiro será mobilizada neste ambiente é difícil (de saber)", afirmou.

Preparando-se para deixar o Banco Mundial após 32 anos de carreira, Sierra disse que os países em desenvolvimento estão cada vez mais empenhados em reduzir suas emissões de carbono, e recorrem ao organismo para financiar essa transição.

Em breve, segundo Sierra, o Banco Mundial deve nomear um especialista renomado para ajudar o banco a disponibilizar as melhores tecnologias de energia renovável ao mercado.

A executiva disse que o Banco Mundial está ampliando a quantia disponível para o financiamento de projetos de energia limpa, como pequenas e médias hidrelétricas e energia solar, e que nos próximos anos esse montante pode facilmente superar 3,8 bilhões de dólares por ano.

O Banco Mundial foi encarregado por governos doadores de supervisionar o Fundo de Tecnologia Limpa, mas a instituição tem sido criticada por ambientalistas por também apoiar usinas de carvão que emitem dezenas de milhões de toneladas de gases do efeito estufa.

Em abril, o Banco Mundial aprovou um empréstimo de 3,75 bilhões de dólares para uma enorme usina na África do Sul, país que sofre uma crônica escassez energética.

Acionistas importantes do Banco Mundial, inclusive os EUA, haviam sido contra.

Sierra disse que, sendo uma instituição de combate à pobreza, o Banco Mundial nunca pode descartar completamente projetos com carvão, mas que também não pode aumentar o financiamento para eles.

"Como uma organização que tem no desenvolvimento o seu mandato central, é provavelmente inapropriado para nós termos um limite para qualquer tecnologia. Mas deveríamos estar aumentando essa carteira? Não, acho que deveríamos estar procurando onde podemos agregar mais valor, que é nas tecnologias de transformação."

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