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Ao lado da primeira-dama Michelle e das filhas Sasha e Malia, Obama presta juramento ao chefe do Supremo, John Roberts, em cerimônia ocorrida ontem, em Washington | Rick Wilking/Reuters
Ao lado da primeira-dama Michelle e das filhas Sasha e Malia, Obama presta juramento ao chefe do Supremo, John Roberts, em cerimônia ocorrida ontem, em Washington| Foto: Rick Wilking/Reuters

Desencanto

Cerimônia é marcada por temperatura fria e plateia sem entusiasmo

A manhã de ontem que começou com sol e logo se tornou nublada em Washington parece ter se casado perfeitamente com o ânimo do público para a segunda posse de Barack Obama.

Se o clima ontem (4ºC, com sensação térmica de 2ºC) foi mais ameno que o de 2009, quando o presidente desfilou sob temperaturas negativas, a plateia que acompanhou o discurso de Obama na escadaria do Capitólio e pelo National Mall (o conjunto de monumentos nacionais) estava muito mais fria.

Houve palmas, sobretudo quando Obama defendeu os direitos dos gays, das mulheres e dos imigrantes e quando cutucou a oposição sobre a necessidade de manter uma rede de amparo para que todos tenham a oportunidade de prosperar, como pede o sonho americano.

Mas foram rápidas, sem gritos nem a emoção aparente de 2009. As filhas do presidente, Malia e Sasha, a primeira-dama, Michelle, e o vice-presidente, Joe Biden, foram aplaudidos de pé.

Diante de uma multidão estimada em 600 mil pessoas e sob um frio de 4ºC, Barack Hussein Obama, 51 anos, tomou posse ontem pela segunda vez como presidente dos EUA defendendo a igualdade e propondo uma agenda socialmente liberal para os próximos quatro anos.

"Entendemos que, quando os tempos mudam, também temos que mudar; que fidelidade aos princípios de nossa fundação [como país] exigem novas respostas a novos desafios e que preservar nossas liberdades individuais requer ação coletiva", disse o presidente após fazer seu juramento ao chefe do Supremo, John Roberts.

O segundo mandato, oficialmente, começara na véspera, mas o protocolo americano exige que os eventos públicos da posse sejam adiados para a segunda-feira quando o dia 20 de janeiro cai em um domingo.

No discurso diante do Capitólio, a sede do Congresso, Obama defendeu os direitos das mulheres, dos gays e, duas vezes, dos imigrantes, comparando suas demandas às do movimento pelos direitos civis nos anos 60 (os EUA celebraram ontem o feriado de Martin Luther King).

Em contraste com a retórica de união da primeira posse, desta vez o democrata acenou à sua base eleitoral, insistindo na defesa de oportunidades iguais e reafirmando a importância das redes de amparo social, da regulação do sistema financeiro e do investimento em educação.

"Nós rejeitamos a crença de que os EUA precisam escolher entre cuidar da geração que construiu este país e investir na geração que construirá seu futuro", declarou.

O trecho, um dos mais aplaudidos, pareceu um recado à oposição, que insiste em cortar o orçamento de programas sociais para reduzir o crescente déficit do país.

No início do mês, sem consenso para avançar, presidente e Congresso fecharam um acordo diluído sobre o tema para evitar um gatilho de cortes e uma alta de impostos.

O tom de Obama ontem foi de urgência e de que muito falta a ser feito, com a afirmação de que o país "não pode arcar com os custos da demora" – outra alusão à oposição.

A frase "Nós, o povo", que abre a declaração de independência dos EUA (1776), foi repetida pelo presidente cinco vezes no discurso, sempre com um significado novo.

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