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Barzan Ibrahim Hassan al-Tikriti, o meio-irmão de Saddam Hussein executado nesta segunda-feira pela morte de 148 xiitas da aldeia iraquiana de Dujail, nasceu em 1951, na cidade sunita de Tikrit, localizada a 170 quilômetros ao norte de Bagdá. Com apenas 17 anos, Barzan participou do golpe militar protagonizado pelo partido Baath, de tendência laica e pan-arabista, que assumiu o poder em 17 de julho de 1968. Mas não ocupou postos de responsabilidade até que seu meio-irmão derrubou, em 1979, Ahmed Hassan al-Baker à frente do Conselho de Comando Revolucionário e se proclamou presidente.

Nos primeiros anos da era de Saddam, Barzan foi nomeado diretor dos serviços de inteligência, onde, como chefe, não soube prevenir a tentativa de assassinato contra o ex-ditador, quando ele atravessava, em 1982, a cidade de Dujail, um povoado agrícola de maioria xiita, situado 65 quilômetros ao sul de Bagdá.

No entanto, este erro não lhe custou o cargo, mas sim a queda do ministro do Interior, substituído por um irmão de Barzan, Sabaui Ibrahim al-Hassan.

O caso Dujail terminou por custar-lhe a vida, já que, da mesma forma que Saddam Hussein, Barzan foi condenado à morte por sua responsabilidade nos julgamentos sumaríssimos e na execução de 148 moradores de Dujail imediatamente depois da tentativa frustrada de assassinato do ditador.

Barzan supervisionou a brutal repressão dos xiitas iraquianos, e não só de Dujail, que se traduziu em assassinatos, desaparecimentos e deportações, muitas vezes baseadas em meras suspeitas.

Pode-se dizer que Saddam deve a sobrevivência de seu regime aos serviços de inteligência comandados por Barzan: os agentes de espionagem tinham carta branca para deter, interrogar, fazer desaparecer ou matar qualquer pessoa ligada a supostas conspirações.

Em 1983, Barzan participou da campanha contra os curdos do nordeste do país, acusados de quinta-colunistas do Irã na guerra contra o Iraque. Dezenas de membros do Partido Democrático do Curdistão (KDP), dirigido pelo hoje presidente da região autônoma curda Massoud Barzani, foram simplesmente liquidados. Acredita-se que muitos de seus corpos, que nunca apareceram, foram enterrados em valas comuns depois de serem mortos por agentes da comandados por Tikriti.

No final de 1983, foi substituído como chefe dos serviços secretos e passou cinco anos sem cargos políticos de responsabilidade. Em 1988, foi enviado por Saddam como embaixador à Suíça, país onde, mais tarde, passou a ser embaixador iraquiano na subsede da ONU em Genebra, cargo no qual permaneceu até 1998.

Suspeita-se que todos esses anos na Suíça lhe permitiram encarregar-se da transferência de milhões de dólares de Saddam contas secretas em bancos suíços. Em Genebra, Barzan perdeu sua mulher após uma longa doença. Quando foi chamado de volta a Bagdá, recusou-se a voltar imediatamente, o que despertou rumores sobre um possível distanciamento de Saddam.

No entanto, finalmente voltou à capital iraquiana e permaneceu junto a seu meio-irmão até sua derrocada, em março de 2003.

Apenas uma semana após a queda do Governo de Saddam, Barzan foi detido em Bagdá por forças americanas. Ocupava o posto 52 dentro do famoso "baralho" dos 55 dirigentes mais procurados do regime derrubado.

Logo após sua detenção, revelou que sofria câncer na medula espinhal, e pediu insistentemente uma medida de clemência - apoiada inclusive pelo rei Abdullah da Jordânia - para poder ser libertado e tratado no exterior, o que sempre lhe foi negado.

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