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Caracas – À meia-noite de domingo será extinto o sinal de um dos canais de televisão mais antigos da América Latina, RCTV – uma decisão polêmica que apresenta diferentes interpretações. O presidente Hugo Chávez a considera o fim de uma ditadura midiática, enquanto que o proprietário do canal a entende como o início do totalitarismo na Venezuela.

"Estamos apenas acabando com a concessão que há mais de meio século foi dada a uma família muito rica", disse Chávez, destacando que à meia-noite de domingo "a Venezuela alcançará a liberdade de expressão porque o país se libertará da ditadura" do meio televisivo. O presidente anunciou em dezembro, depois da reeleição, que não renovaria a concessão da RCTV, prevista para terminar em 27 de maio.

Único opositor ao governo na televisão aberta, o canal tem alcance nacional e registra as maiores audiências por suas telenovelas, programas humorísticos e de variedades. O diretor-geral da RCTV, Marcel Granier disse que "caso se confirme a decisão do governo, a Venezuela entra em uma etapa de totalitarismo, de abuso, de atropelo e de arbitrariedade". "Passaremos de um regime centralizador e autoritário a um regime totalitário", enfatizou.

A inciativa desencadeou inúmeros protestos na Venezuela, além de críticas no exterior. O governo começou a responder às acusações, em um movimento que Chávez considera "uma das primeiras batalhas" de seu novo mandato (2007-2013). "Os grandes meios de comunicação mundiais, essa ditadura midiática, fizeram com que uma simples questão de soberania se transformasse numa batalha internacional", afirmou o presidente durante uma manifestação de apoio organizada pelo canal estatal Telesur, com a participação de intelectuais estrangeiros afinados ao chavismo.

Na semana passada, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela confirmou que a decisão de renovar ou não a concessão cabe ao governo.

Ontem, deputados do Parlamento Europeu aprovaram uma resolução que censura a atuação do Governo venezuelano ao não renovar a licença da emissora. O texto, aprovado por 43 votos a favor e 22 contra, reprova a "predisposição nula ao diálogo" que atribui às autoridades venezuelanas e alega que o fim das transmissões da empresa deteriora o pluralismo informativo no país.

O governo venezuelano rejeitou a resolução do Parlamento Europeu e assegurou que sua decisão é "irreversível". "O Parlamento Europeu se pronunciou contra a Venezuela. Aqui vale a decisão do Supremo Tribunal de Justiça", disse o Ministro da Informação, Willian Lara.

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