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Governador Valadares – Manhã de sexta-feira. Um homem entre 25 e 30 anos, de jaqueta jeans, entra caminhando normalmente na estação londrina de Stockwell. Agentes da Scotland Yard recebem a informação que se trata de um terrorista são orientados a fazer o que for necessário para detê-lo. Pouco depois, o suspeito é executado com oito tiros.

Foram os últimos passos de Jean Charles de Menezes. Ontem completou 1 ano que o brasileiro morreu ao ser confundido pela polícia britânica com um terrorista durante as investigações sobre os atentados ao metrô de Londres. Havia mais de três anos, Jean Charles era funcionário de uma empreiteira.

O caso atraiu a atenção do mundo. Mudou a rotina de uma pacata cidade do interior de Minas Gerais, onde vivem os parentes do brasileiro. Gonzaga, com pouco mais de 5 mil habitantes, passou a ser reconhecida no mapa brasileiro e internacional. Recebeu até a visita do embaixador da Grã-Bretanha no Brasil, Peter Collechott, e do subchefe da Polícia Metropolitana de Londres, John Yates, que foram pedir desculpas oficiais pelo engano aos pais de Jean Charles. Era o início de uma batalha judicial que ainda não terminou.

Gareth Pierce, famosa advogada britânica que decidiu defender os interesses da família do brasileiro, se irritou com a visita-surpresa das autoridades britânicas. Enviou uma de suas assistentes até Gonzaga para esclarecer os pais de Jean sobre os procedimentos legais do caso. Harriet Wistrich passou três dias na cidade. Contestou especulações da imprensa londrina de que a família receberia US$ 1 milhão de indenização do governo britânico. "Quem define o valor é a Justiça da Grã-Bretanha, não o governo", afirmou Harriet.

Um órgão britânico independente, especializado em reclamações contra a polícia, foi designado para investigar o caso. Os familiares exigiram ter acesso a todas as etapas do processo. Mas o apelo por justiça ganhou força quando começaram a surgir provas que contrariavam a versão da Scotland Yard. O brasileiro não recebeu ordem de prisão e estava imobilizado quando os agentes atiraram. Cinco dias antes do aniversário da morte do mineiro, a família recebeu outra má notícia: o relatório da promotoria pública britânica determinou que nenhum agente irá responder individualmente pelo assassinato. Somente a instituição policial será processada por ter violado as leis de segurança e saúde da Grã-Bretanha.

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