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Sarkozy conversa com a chanceler alemã, Angela Merkel, ao lado do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso: divergências no bloco | Francois Lenoir/Reuters
Sarkozy conversa com a chanceler alemã, Angela Merkel, ao lado do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso: divergências no bloco| Foto: Francois Lenoir/Reuters

Londres - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, resolveu atacar com du­­reza a Comissão Europeia, que ameaçou abrir na terça um processo contra a França por considerar ilegal a expulsão de ciganos de seu território.

"Não posso deixar minha nação ser insultada. Todos os chefes de Estado e de governo fi­­caram chocados com os comentários ultrajantes da senhora Re­­ding’’, afirmou Sarkozy numa entrevista.

Ele se referia a Viviane Reding, comissária de Justiça da Comissão Europeia, que afirmou que era uma desgraça o tratamento dado pelo governo francês aos ciganos.

Desde julho, a França tem destruído acampamentos construídos por ciganos. Cerca de mil deles já foram enviados de volta para seus países de origem, principalmente Romênia e Bulgária.

Segundo Reding, a expulsão fere a liberdade de ir e vir entre os 27 países da União Europeia e é inaceitável por ser uma perseguição por razões étnicas.

Na terça, ela disse que "pensava que a Europa não precisaria testemunhar mais uma vez uma situação como esta após a Se­­gunda Guerra Mundial’’, numa clara alusão à perseguição feita pelos nazistas aos judeus e também aos ciganos. Ontem, afirmou que em nenhum momento quis comparar a França com os nazistas.

O assunto ciganos dominou quase toda a agenda da reunião dos presidentes e premiers europeus, que estiveram em Bruxelas para discutir tratados comerciais e política externa do bloco.

A portas fechadas, Sarkozy disse que a comissão persegue a França. Houve também, segundo relato do primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borisov, um bate-boca aos gritos entre o presidente francês e José Manoel Durão Bar­­roso, presidente da Comissão Eu­­ropeia. Sarkozy não negou a discussão, mas disse que não houve gritos.

Barroso foi mais evasivo e afirmou que cabe à comissão, órgão executivo da UE, zelar pelo cumprimento das leis do continente.

O presidente francês disse que irá continuar com o desmanche dos acampamentos ciganos e com o processo de "saída voluntária’’, quando oferece cerca de R$ 660,00 para que eles entrem num avião e voltem a seus países.

Afirmou ainda que a França tem não só o direito, mas a obrigação de fazer isso para manter a segurança de seus cidadãos.

Se for mesmo processada, a França poderá ter de pagar uma multa por desrespeitar as leis da UE. Pior que a multa é o desgaste de imagem, principalmente para um presidente que está com baixa popularidade em seu país e que tenta se reafirmar como um líder mundial.

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