Após 535 dias de crise política, os seis partidos belgas que participam das negociações chegaram a um acordo na noite da última quarta-feira sobre a formação de um governo que será dirigido pelo socialista francófono Elio Di Rupo. "Há um acordo global sobre a reforma do Estado, socioeconômico e sobre o programa de governo", disseram fontes ligadas às negociações.
De acordo com a imprensa belga que estava no local, Di Rupo deixou local onde os partidos se reuniram com um sorriso, mas sem fazer comentários. "Há um acordo sobre tudo, nos comunicaremos esta noite e haverá uma releitura amanhã", disse um participante da reunião sobre o documento, que tem mais de 180 páginas.
"Os acordos serão apresentados aos congressos dos partidos neste final de semana para que sejam formalmente aprovados. Também dividiremos os ministérios e possivelmente haverá um governo já na segunda ou terça-feira".
O novo governo belga deverá obter o aval da Câmara dos Deputados durante a próxima semana, para acabar com a crise política mais longa da história do Reino, que remonta a abril de 2010. O principal obstáculo ao acordo foi superado no sábado, com um acerto sobre o orçamento federal para os próximos três anos destinado a alcançar o equilíbrio fiscal em 2015.
As negociações haviam fracassado antes por divergências sobre os futuros cortes entre os seis partidos belgas (três flamengos e três valões) de direita, centro e de esquerda convocados para formar a coalizão. Os Verdes e os nacionalistas flamengos do N-VA, principal partido de Flandres (norte), não integrarão o novo governo. O N-VA rejeitou categoricamente o compromisso obtido no final de semana sobre o orçamento.
Elio Di Rupo, de 60 anos, deverá se tornar o primeiro francófono a ser chefe de governo da Bélgica em mais de três décadas, e o primeiro premier socialista no cargo desde 1974.
Após quase dois anos de impasse, a crise da dívida na zona do euro obrigou flamengos e francófonos a chegar a um acordo. A agência de classificação de risco Standard & Poors reduziu na sexta-feira passada a nota da Bélgica, exigindo dos partidos um acordo sobre o orçamento. No sábado, os partidos belgas chegaram a um acordo sobre o orçamento federal para reduzir o déficit da Bélgica a 2,8% do PIB em 2012 e atingir o equilíbrio em 2015.
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