Benazir convoca protesto e aumenta tensão no país

• 0

Islamabad – Elevando a tensão política no Paquistão, a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto deu ontem um ultimato ao presidente Pervez Musharraf para que levante o estado de emergência, decretado no sábado.

Benazir disse que se Musharraf não prometer realizar eleições como previsto e restaurar a Constituição a oposição tomará as ruas do país em um grande protesto no dia 13. Ontem, a polícia entrou em choque com pelo menos 400 partidários da ex-premier reunidos diante do Parlamento.

Benazir, líder do maior partido de oposição do Paquistão e a política com maior poder de mobilização, deu até prazo até amanhã para Musharraf atender as demandas. Funcionários do governo disseram que as eleições parlamentares previstas para janeiro serão realizadas no prazo e Chaudhry Shujaat Hussain, presidente do partido governista Liga Muçulmana, disse que o presidente levantará o estado de exceção em "duas ou três semanas".

A ex-premier, que governou o país entre 1988 e 1990 e entre 1993 e 1996, também pediu a Musharraf que renuncie à chefia do Exército, como ele havia prometido antes das eleições presidenciais de 6 de outubro, que ele venceu por voto indireto.

Ela disse que o presidente deve devolver os cargos aos seis juízes da Suprema Corte destituídos e libertar as mais de 3.500 pessoas – na maioria advogados e ativistas de oposição – detidas desde sábado.

Sentindo-se ameaçado pela Suprema Corte – que analisava se Musharraf podia ter-se candidatado à reeleição mantendo a chefia do Exército – o presidente destituiu os juízes, acusando-os de ingerência nos assuntos de Estado. No entanto, Benazir – que voltou do exílio no mês passado em meio a um acordo com Musharraf – qualificou esse argumento de "irônico" e afirmou que o presidente decepcionou a população do Paquistão e a comunidade internacional.