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O candidato presidencial democrata e ex-vice-presidente dos EUA, Joe Biden| Foto: Jim WATSON/AFP

A média do índice Dow Jones é hoje 54% maior do que quando Donald Trump foi eleito. Por isso é tão incrível que Joe Biden esteja conseguindo a grandes doações de campanha de líderes do mercado financeiro em Wall Street.

Pessoas do mercado financeiro doaram mais de US$50 milhões para Biden, de acordo com o apartidário Center for Responsive Politics. Em comparação, Trump recebeu US$10 milhões.

Biden recebeu contribuições generosas de líderes da Blackstone, JPMorgan Chase, The Carlyle Group e Kohlberg Kravis Roberts, entre outras empresas do ramo.

Parte desse dinheiro é, sem dúvida, uma apólice de seguros para o caso de os democratas controlarem a Casa Branca e o Congresso. Mas economistas do UBS, Bank of America e Goldman Sachs nos garantem que estão sendo sinceros quando dizem que Joe Biden na Casa Branca seria excelente para o mercado acionário. O UBS diz que uma vitória democrata representaria uma “alta moderada” no mercado de ações.

Num comunicado para seus clientes no começo de outubro, o Goldman Sachs escreveu que um aumento do déficit público promovido por um governo de Joe Biden, e com o Congresso dominado por democratas, poderia amenizar o impacto do aumento de impostos, ajudando a economia a crescer: mais gastos em infraestrutura, questões climáticas, saúde e educação “ao menos empatariam com os prováveis aumentos de impostos sobre empresas e os mais ricos no longo prazo”.

Isso é uma fantasia. Estudei o histórico dos últimos 40 anos quanto aos benefícios das eleições para o mercado de ações. As melhores eleições são as que resultam no controle dividido do Congresso, seguidas por eleições nas quais o Congresso é controlado pelos republicados. As piores eleições para o mercado acionário são aquelas nas quais os democratas conquistam a Casa Branca, o Senado e a Câmara. O controle absoluto dos republicanos vem em seguida.

A pauta econômica de Biden castiga principalmente o mercado de ações. Uma das características do projeto tributário do democrata é um aumento no imposto de renda das empresas, de 21% para 28%, e um aumento dos impostos sobre ganho de capital, de 24% para 40%.

Esses são impostos cobrados diretamente de quem tem ações. Se o governo fica com uma porção maior do lucro das empresas, por consequência os acionistas recebem menos. Isso deveria ser algo absorvido pelo preço das ações. Hoje, por causa da taxação dupla sobre a renda de investimentos, um acionista fica com 60% dos dividendos sobre as ações, enquanto 40% vai para o pagamento de impostos. De acordo com o projeto tributário de Biden, os dividendos cairão para 48% e o governo ficará com 52%. Como isso pode ser bom para os investidores, o mercado de ações e a economia?

Mas não faltam defensores de Biden e seu plano em Wall Street, sobretudo entre aqueles que querem um emprego num possível governo do democrata.

Biden repetiu várias vezes que um importante economista de Wall Street prevê que seu plano gerará mais de 6 milhões de empregos. Esse economista é Mark Zandi, da Moody’s Analytics. Ele diz que um aumento de US$ 4 trilhões na arrecadação de impostos geraria milhões de novos empregos.

Quando não está envolvido em política, Zandi é um economista competente. Mas o Washington Examiner percebeu há alguns dias que Zandi “tem um histórico de previsões erradas”.

Isso é um eufemismo. Em 2016, ele previu que as medidas de Trump provocariam uma “recessão duradoura” e que o desemprego ultrapassaria os 6%. Ops. Tivemos uma economia muito aquecida em 2017, 2018 e 2019, e a taxa de desemprego atingiu seu nível mais baixo em 50 anos, 3,7%.

Mas pior do que isso foi a torcida de Zandi pelo plano de estímulo de US$ 1 trilhão em 2009. Zandi disse que o plano provocaria um crescimento anual de 4% e geraria milhões de novos empregos.

O plano de estímulo de Obama acabou elevando a taxa de desemprego para 9%, causando a perda de postos de trabalho.

Ninguém acerta sempre ao fazer previsões para a economia, mas o histórico da pessoa é sinal de alguma coisa. Ele explica muito sobre a competência ou não da equipe de Biden, que tem em gente como Zandi uma fonte de inspiração. O modelo dele pressupõe que cada dólar que o governo gasta tem o “efeito multiplicador” de US$ 1,50, então quanto mais o governo gasta mais ricos ficamos. Assim, US$ 4 trilhões em gastos representariam US$ 6 trilhões no PIB. De acordo com essa lógica, se gastarmos no cartão de crédito mais US$ 10 trilhões, seríamos inimaginavelmente ricos e morreríamos e iríamos para o Céu. E é por isso que Zandi rima com dândi.

Joe Biden está tentando tranquilizar os eleitores de classe média, dizendo que vai “diminuir os impostos deles” e que o aumento de impostos multitrilionário só atingirá os que ganham mais de US$ 400 mil por ano. Mas um novo estudo do James Madison Institute, da Flórida, revela que o projeto Biden-Harris está tão atrelado a gastos que custaria US$ 30 trilhões em uma década. O projeto mais caro é o plano de Biden para a saúde, que aumentaria imensamente a cobertura do governo. O plano ecológico dele custaria algo em torno de US$ 2 trilhões.

Apesar de suas promessas, “os projetos de Biden exigiriam que se dobrasse a carga tributária sobre os norte-americanos”, disse Donna Arduin, ex-diretora de orçamento dos governos de Nova York, Califórnia e Flórida. “Não dá para pagar por eles cobrando impostos apenas daqueles que você considera ricos”.

*John Fund é repórter da National Review.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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