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Casa onde Osama bin Laden foi morto por forças dos EUA.  Líder da Al-Qaeda criava animais e cultivava uma horta | Aamir Qureshi/AFP
Casa onde Osama bin Laden foi morto por forças dos EUA. Líder da Al-Qaeda criava animais e cultivava uma horta| Foto: Aamir Qureshi/AFP

Casa de líder era como uma pequena granja

Cercado por três mulheres, uma dezena de crianças, uma centena de galinhas, duas vacas e coelhos, o chefe da Al-Qaeda, Osama bin Laden, desfrutava de uma vida tranquila em sua pequena granja no sopé do Himalaia paquistanês, em Abbottabad.

Na casa branca de três andares, cerca de 20 pessoas viviam em torno do homem mais procurado do mundo. Cinco delas morreram du­­rante o ataque do último do­­mingo. Os sobreviventes, as três mulheres de Bin Laden e seus filhos foram detidos pelo exército paquistanês.

Durante o interrogatório, Amal Ahmed Adbulfata, uma iemenita de 29 anos, esposa mais jovem do terrorista, afirmou que seu marido vivia naquela casa há cinco anos. Ao contrário do que dizem os americanos, a casa de três andares não era luxuosa; mais que uma mansão, o lugar parece uma pequena clínica, um tanto sinistra. Seu interior é espartano: azulejos cinza, paredes e escadas de concreto nu, móveis rústicos de madeira, colchões de espuma e televisões velhas. O quarto do chefe da Al-Qaeda, cuja família ocupava os dois andares superiores, não é uma exceção.

No jardim, à sombra de altos muros de concreto, os Bin Laden tinham "duas vacas, dois cachorros e mais de cem galinhas", enumera Qasim Mohamad, que mora na casa vizinha. Apenas um ho­­mem era autorizado a entrar de vez em quando nos jardins: Sham­­rez Mohamad, pai de Qasim, um agricultor que dava de comer aos animais e ajudava a plantar batatas, couve-flor e feijões.

As vacas foram levadas pelo exército e provavelmente acabarão servindo aos soldados de al­­gum quartel. Na manhã de segunda-feira, Mohammad Kareem, um agente imobiliário, contou ter visto "soldados correndo atrás de galinhas" ao redor da casa. "Certa­­mente vão comê-las com suas famílias", comentou. O que aconteceu com os coelhos, entretanto, ainda é um mistério.

AFP

Site divulga ameaças do terrorista aos EUA

Naquela que seria a a última gravação de Osama bin Laden, o líder terrorista afirmou que os EUA não viverão em segurança en­­quanto os palestinos não tiverem segurança. "É injusto que vocês vivam em paz enquanto nossos irmãos em Gaza vivem em insegurança", diz mensagem colocada em um site jihadista.

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O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que Osama bin Laden tinha uma "rede de apoio'' no Paquistão que ajudou a manter o líder terrorista saudita em segurança durante anos. "Mas não sabemos quem [integrava] ou qual era essa rede apoio'', disse Obama a um programa de tevê da rede CBS.

Na entrevista, o presidente cobrou das autoridades paquistanesas que investiguem o assunto e não descartou a participação de membros do governo do país na "rede'' de ajuda ao líder da Al Qaeda, morto no último dia 1.º.

"Não sabemos se havia pessoas de dentro do governo [do Pa­­quis­­tão], gente de fora do governo, e isso é algo que precisamos investigar e, sobretudo, o governo pa­­quistanês tem que investigar.''

Foi a crítica mais incisiva de Obama aos aliados paquistaneses desde o assassinato do terrorista. Na semana passada, o diretor da CIA, Leon Panetta, disse que o Pa­­quistão "ou estava envolvido ou é incompetente''.

Islamabad diz que não sabia que Bin Laden estava escondido no país, na cidade de Abbottabad.

Pressão

Assim como Obama, o assessor de Segurança Nacional dos EUA, Tom Donilon, cobrou dos paquistaneses investigar o caso, mas disse que, "ao menos por enquanto'', não há indícios de que as autoridades do país soubessem da presença do terrorista saudita.

"Existe um fato com o qual precisamos lidar. E o fato é que Osama bin Laden estava em Abbottabad, a 50 km de Islamabad, a cidade que é vista essencialmente como uma cidade militar. Existe uma importante escola militar lá e outras instalações. Isso precisa ser investigado.''

Donilon disse ainda que os EUA têm "diferenças'' com os pa­­quistaneses, mas que o país tem sido um importante parceiro ame­­ricano.

"Cabeças vão rolar"

O embaixador do Paquistão nos Estados Unidos, Hussain Haqqani, afirmou que "cabeças vão rolar'' caso a investigação oficial aponte que membros do governo sabiam do paradeiro de Bin Laden. "Se alguém foi cúmplice, haverá tolerância zero para isso'', disse.

O primeiro-ministro, Yusuf Ra­­za Gilani, deve fazer um discurso hoje sobre o assunto. Existe ex­­pectativa de que ele adote tom severo, criticando os Estados Uni­­dos por não terem atuado em conjunto com o Paquistão na operação que culminou na morte do líder da Al-Qaeda.

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