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Rolando Álvarez estava preso desde agosto e havia sido acusado de traição à pátria, propagação de notícias falsas e desacato
Rolando Álvarez estava preso desde agosto e havia sido acusado de traição à pátria, propagação de notícias falsas e desacato| Foto: Conferência dos Bispos da União Europeia

A Justiça da Nicarágua condenou nesta sexta-feira (10) o bispo Rolando Álvarez, símbolo da resistência à ditadura de Daniel Ortega, a 26 anos e quatro meses de prisão e perda da nacionalidade nicaraguense.

O juiz Octavio Ernesto Rothschuh, presidente da Sala Um do Tribunal de Apelações de Manágua, anunciou a sentença, a mais longa aplicada a um opositor do regime sandinista desde que o governo iniciou uma onda de repressão, especialmente contra representantes da Igreja Católica, a partir do ano passado.

Álvarez e outras sete pessoas haviam sido presos pelas autoridades nicaraguenses na sede episcopal de Matagalpa, no centro-oeste do país, em agosto.

Ortega considera que bispos e padres apoiaram manifestações que pediram sua saída em 2018, protestos que foram reprimidos com extrema violência, resultando em mais de 300 mortes.

O bispo entrou na mira da ditadura sandinista naquele ano, quando a Igreja tentou intermediar o diálogo entre Ortega e oposicionistas. À época, Álvarez afirmou que não havia “outro caminho” a não ser “a democratização da República da Nicarágua”.

Sua posição como liderança social contra a repressão ganhou força em 2022: em maio, Álvarez denunciou a perseguição contra a Igreja e anunciou que faria um jejum por tempo indeterminado em protesto.

No início de agosto, quando o bispo denunciou que havia sido retido na sua cúria por forças policiais sem saber o motivo, juntamente com seis sacerdotes e seis leigos, uma cena emblemática: após policiais impedirem a entrada de paroquianos e dos assistentes de Álvarez na diocese para receber a eucaristia, o monsenhor se ajoelhou na calçada e levantou as mãos para o céu, uma imagem que viralizou nas redes sociais.

Ele foi preso de fato dias depois e acusado dos crimes de traição à pátria, formação de quadrilha para atentar contra a integridade nacional, propagação de notícias falsas em detrimento do Estado e da sociedade nicaraguenses e desacato.

Na quinta-feira (9), foi anunciado o envio para os Estados Unidos “como traidores da pátria” de 222 opositores que estavam presos e que tiveram suspensos seus direitos de cidadania na Nicarágua por toda a vida.

Uma fonte disse à Agência EFE que Álvarez, que estava em prisão domiciliar, foi incluído pelas autoridades na lista de presos a serem enviados a Washington, mas não aceitou.

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