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O ex-premiê britânico Tony Blair disse nesta quarta-feira que não poderia ter imaginado o que segundo ele foi um pesadelo que se desenrolou no Iraque, mas disse ainda não se arrepender de ter participado da invasão liderada pelos Estados Unidos.

Em trechos das memórias divulgadas antes da publicação de seu livro, Blair reitera declarações feitas anteriormente de que a invasão de 2003 se justificou porque Saddam Hussein era uma ameaça e poderia ter desenvolvido armas de destruição em massa.

"Eu não posso me arrepender da decisão de ir à guerra... Eu posso dizer que eu nunca antecipei o pesadelo que se desenrolou", disse Blair, referindo-se aos anos de derramamento de sangue por motivos políticos e sectários no Iraque após a invasão.

"Eu refleti muitas vezes sobre se eu estava errado. Peço que reflitam sobre se eu poderia estar certo."

Blair foi o aliado mais próximo do ex-presidente norte-americano George W. Bush em sua decisão de invadir o Iraque.

A decisão foi a mais controversa dos dez anos de Blair no cargo de primeiro-ministro, provocando gigantescos protestos, divisões em seu partido, o Trabalhista, e acusações de que teria enganado os britânicos sobre seus motivos para entrar em guerra, depois que as armas de destruição em massa não foram encontradas.

"Sinto que palavras de condolências e solidariedade são inteiramente inadequadas", escreveu Blair sobre os mortos e feridos.

"Eles morreram e eu, aquele que decidiu nas circunstâncias que levaram à guerra, ainda vivo."

Blair, agora um enviado especial para o quarteto de mediadores para a paz no Oriente Médio -- os Estados Unidos, a Rússia, a União Europeia e a Organização das Nações Unidas --, foi o primeiro-ministro que permaneceu mais tempo no cargo pelo Partido Trabalhista, vencendo três eleições consecutivas antes de deixar o posto em 2007.

Seu livro "A Journey" (Uma Jornada), que segundo ele é "algo como uma carta ampla ao país que eu amo", deve gerar grande interesse quando chegar às lojas nesta quarta-feira, depois de ter alcançado a lista de 20 títulos mais vendidos da Amazon.

Ele disse que doará os 4,6 milhões de libras (7,09 milhões de dólares) que recebeu antecipadamente pelo livro, além do lucro das vendas, a uma entidade beneficente voltada a ex-integrantes e atuais membros das forças militares.

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