O premier da Grã-Bretanha, Tony Blair, deve ignorar as pressões para fixar uma data para deixar o cargo, enquanto tenta conter uma grave crise dentro do Partido Trabalhista que ameaça desestabilizar seu governo.
O premier disse que organizaria uma transição ordenada, dando a seu sucessor tempo para se estabelecer antes das próximas eleições, que devem ser realizadas em meados de 2010.
O Partido Trabalhista está em crise depois de ter sofrido uma de suas piores derrotas nas eleições municipais desde que o premier subiu ao poder, em 1997.
Blair diz que não vai tentar um quarto mandato. Há pressões crescentes, não apenas dos rebeldes de sempre, mas também de parlamentares antes fiéis ao partido e de ex-ministros, para que o premier divulgue um cronograma prevendo a passagem de poder a Gordon Brown, atual ministro das Finanças e apontado como eventual sucessor dele.
Um representante do partido, que não quis ter sua identidade revelada, afirmou que o premier não tinha a intenção de, neste momento, divulgar uma data para o fim de seu mandato.
- Determinar um prazo agora simplesmente paralisaria o trabalho do governo, colocaria em risco as mudanças necessárias que estamos fazendo para a Grã-Bretanha e, assim, prejudicaria o país - disse Blair. - Não terminaria essa crise, mas a levaria a um novo nível - acrescentou, apontando Brown como seu provável sucessor.
O pleito de quinta-feira passada aconteceu depois de semanas de notícias ruins para o governo, envolvendo acusações de erros administrativos e escândalos sexuais. Essas acusações aumentaram ainda mais o sentimento de mal-estar instalado desde que a bancada trabalhista perdeu força nas eleições nacionais de 2005, que ainda assim foram vencidas por Blair.
Críticas surgidas no mês passado em torno da libertação de prisioneiros estrangeiros que poderiam ter sido deportados e de um caso extraconjugal envolvendo um importante ministro de governo se somaram à insatisfação da opinião pública com a guerra no Iraque, minando o desempenho do partido nas urnas.
