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Grã-Bretanha

Blair indica ministros menos chamativos para Defesa e Exterior

Após vários anos em que seu governo se definiu por ser o maior aliado de George W. Bush. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, indicou políticos que analistas consideram menos "chamativos" para os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores.

Em reação à dura derrota sofrida nas eleições locais, Blair transferiu os secretários Jack Straw (Exterior) e Jonh Reid (Defesa) para outros cargos, na maior reforma do seu governo, iniciado em 1997.

Seus substitutos são a ex-secretária do Meio Ambiente Margaret Beckett e o subsecretário do Tesouro, Des Browne, que não tiveram participação direta nas guerras do Iraque e do Afeganistão, para onde Blair enviou tropas para ajudarem os EUA.

Blair, chamado de "poodle de Bush" por seus adversários, pode estar investindo em políticos mais discretos para afastar os holofotes das guerras que atraem protestos do tradicional eleitorado esquerdista do partido Trabalhista.

Mas a violência toma conta do Iraque e do Afeganistão, e a Grã-Bretanha está ao lado de Washington na crise nuclear iraniana. Por isso, as novas caras do governo podem ser rapidamente convocadas a se colocarem ombro a ombro com os EUA.

A substituição de Straw na chancelaria foi surpreendente, pois o círculo político considerava que ele foi plenamente capaz de ajudar Blair na complicada diplomacia relativa ao Iraque.

Alguns especulam que ele pode ter irritado Blair ao descartar peremptoriamente ações militares contra o Irã. Mas outros dizem que as supostas divergências políticas ente ambos eram superestimadas.

Straw, que nos últimos tempos vinha adotando posturas mais públicas e veementes, foi alvo de manifestantes muçulmanos por convidar a secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, para visitar sua cidade natal, Blackburn, em março.

"A cena de amor de Jack Straw com Condi lá em Blackburn foi, por assim dizer, a última palha ", disse Tim Ripley, que escreve sobre defesa e relações internacionais na revista Jane's Defence Weekly.

"Ele pode ter pensado que era uma ótima idéia, mas como o pessoal lá da cidade encarou isso? Se você quer que as pessoas parem de falar (do Iraque), não devia convidar Condi para uma cobertura 24 horas, parede a parede, do seu encontro com manifestantes muçulmanos irados."

Beckett, uma militante de esquerda que costuma passar férias num trailer, dificilmente pode ser considerada um poodle dos EUA. Ela foi a negociadora britânica no Protocolo de Kyoto --uma das poucas vezes em que Londres divergiu abertamente de Washington.

DEFESA

No Ministério da Defesa, a mudança não poderia ocorrer em momento mais simbólico: um dia depois de um general britânico assumir o comando da força de paz da Otan no Afeganistão.

Reid, um peso-pesado do gabinete, foi nomeado para a Defesa há apenas um ano, e tinha a tarefa de convencer a população, já cansada dos problemas no Iraque, a aceitar um grande compromisso de novas tropas para o Afeganistão.

Browne substitui Reid após ocupar várias pastas de segundo escalão, mas sem experiência em política externa ou defesa.

O coronel Christopher Langton, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, disse que a nomeação de Brown pode ser mal recebida entre os funcionários do ministério e os militares.

"Colocar alguém que francamente não é conhecido e que não tem histórico como ministro de um ministério importante num momento importante é de fato uma manobra bastante politizada", disse Langton.

Como ex-integrante do Tesouro britânico, Browne pode fazer vista grossa para os pedidos militares de equipamentos de alta tecnologia, segundo Paul Rogers, professor de Estudos da Paz da Universidade de Bradford.

Em 2007, a Grã-Bretanha deve se comprometer ou não com novos porta-aviões gigantes e decidir como uma nova frota de mísseis nucleares vai substituir os seus submarinos Trident.

"Essa é a parte interessante da história: colocar um homem do Tesouro a cargo da Defesa", disse Rogers.

Browne não deve lançar qualquer nova operação militar britânica em breve. "O negócio afegão já foi iniciada, então já era, e o Iraque está meio que em compasso de espera. Não é necessário tomar qualquer decisão, só seguir o fluxo", disse Ripley.

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