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Um "blecaute" se abateu sobre a campanha eleitoral italiana no sábado, às vésperas das eleições gerais, silenciando os candidatos e dando à nação um descanso após a mais feia batalha eleitoral da história do país.

O primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que chamou os eleitores de esquerda de "imbecis masoquistas" na última semana de sua campanha, não ficou à vista - assim como o líder da oposição, Romano Prodi, favorito nas pesquisas de opinião para vencer as eleições.

A pausa pré-eleitoral tem o objetivo de dar ao país uma oportunidade para reflexão nacional, depois de cinco anos sob o governo Berlusconi, que trouxe à Itália uma rara estabilidade política, mas não a prosperidade econômica que prometeu.

- Estou feliz que a campanha tenha terminado. Foi feia, e não foi justa com o eleitorado. Sempre votei nos partidos de centro-direita, mas desta vez, não sei - disse Edvige Cesarei, uma professora de 63 anos que está entre os milhões de eleitores italianos indecisos.

A campanha acabou oficialmente na sexta-feira à noite e tradicionalmente os candidatos ficam em silêncio até o início da votação no domingo, quando começam a apurar publicamente os próprios votos.

As pesquisas de opinião não foram publicadas durante duas semanas, mas Berlusconi, o homem mais rico da Itália, ficou atrás da oposição de centro-esquerda nos últimos dois anos. As pesquisas mais recentes deram ao centro-esquerda uma vantagem de 3,5 a 5 pontos percentuais.

Berlusconi ainda espera conseguir uma vitória-surpresa ao conquistar os eleitores indecisos com promessas de cortes de impostos, que ele anunciou no fim de uma campanha agitada - e suja - na qual os candidatos trocaram insultos.

Prodi comparou Berlusconi a um bêbado e a um vendedor de tapetes. Berlusconi chamou os eleitores da oposição de "coglioni," que significa "imbecis", e provocou um incidente diplomático com a China durante uma de suas várias tiradas contra os comunistas, que fazem parte da coalizão de centro-esquerda. Ele disse ser um fato conhecido que a "China de Mao" fervia bebês para adubar os campos.

- Papo sem fundamento - respondeu Pequim.

As eleições, que duram dois dias, devem começar na manhã deste domingo e os resultados serão conhecidos na segunda-feira à noite.

Qualquer que seja o resultado, analistas esperam aspereza.Berlusconi já acusou seus adversários de serem capazes de fraudar as eleições. O magnata das telecomunicações disse que seria necessária a presença de monitores da ONU para impedir a fraude.

Prodi acusou Berlusconi de quebrar regras de campanha, buscar uma vantagem ilegal, e disse que ficaria chocado se o primeiro-ministro conservador tivesse um retorno surpresa.Mas veteranos da política italiana disseram que o pior acabou.

- Chegamos ao final, finalmente. Haverá divisões, discussões acirradas sobre a contagem de votos, acusações e contra-acusações, talvez lágrimas amargas. Levará uma, duas semanas, mas mesmo assim, esta horrível campanha eleitoral terminou - disse um analista numa coluna de primeira página do jornal La Stampa.

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