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Autoridades norte-americanas e iraquianas contestaram reciprocamente os respectivos relatos de uma ação militar ocorrida na madrugada de sexta-feira que matou 20 pessoas, num novo sinal de atrito por conta de acusações de que soldados norte-americanos estariam alvejando civis.

Os militares dos EUA disseram que forças terrestres com apoio aéreo mataram 20 supostos militantes da Al Qaeda, inclusive duas mulheres, em Ishaqi, um reduto da insurgência sunita 90 quilômetros ao norte de Bagdá.

Já a polícia e autoridades locais disseram que os corpos de 17 civis, sendo seis mulheres e cinco crianças, foram achados nos escombros de duas casas.

``Os norte-americanos já fizeram isso antes, mas sempre negam'', disse à Reuters, por telefone, o prefeito Amer Alwan. ''Quero que o mundo saiba o que está acontecendo aqui.''

Os homicídios supostamente injustificados cometidos pelos militares dos EUA azedam o sentimento dos iraquianos em relação à ocupação estrangeira e levaram neste ano o primeiro-ministro xiita Nuri Al Maliki a dizer que estava perdendo a paciência com esses relatos.

Aos prantos, moradores de Ishaqi mostraram aos jornalistas os corpos de cinco crianças envoltos em cobertores. As casas, cercadas por campos abertos, foram completamente destruídas no ataque.

Em nota, os militares dos EUA disseram que a operação se baseou em informações de que haveria militantes da Al Qaeda operando na área. A nota acrescentava que foram achadas granadas de propulsão e coletes explosivos para suicidas.

Poucas das denúncias de mortes de civis levaram a investigações criminais por parte dos militares norte-americanos.

``Prometo a vocês que cada um desses incidentes será totalmente investigado'', disse o general Peter Chiarelli, segundo na hierarquia norte-americana no Iraque, por videoconferência a jornalistas no Pentágono.

Nesta semana, uma comissão norte-americana entregou ao governo uma lista de recomendações que inclui reforços no treinamento das forças iraquianas para permitir que elas assumam o controle da segurança.

O ex-secretário de Estado James Baker, um dos presidentes da comissão, pediu na quinta-feira em audiência parlamentar que o Congresso e a Casa Branca não tratem o relatório ``como uma salada de frutas, e digam 'gosto disso, não gosto daquilo'''.

Mas a Casa Branca na sexta-feira rejeitou essa sugestão de Baker. A porta-voz Dana Perino afirmou que o relatório será considerado junto com revisões internas feitas pelo Pentágono, pelo Departamento de Estado e pelo Conselho de Segurança Nacional.

Terje Roed-Larsen, representante especial da ONU para questões sírio-libanesas, disse que o relatório é distorcido porque pressupõe um interesse comum dos governos do Oriente Médio em conter o caos no Iraque.

Bush deve apresentar sua nova política para o Iraque antes do Natal, mas já rejeitou contatos diretos com Irã e Síria, uma das principais sugestões do relatório.

Na maior operação desse tipo desde a invasão de 2003, tropas britânicas e dinamarquesas, com apoio de tanques, prenderam cinco suspeitos de ataques às forças estrangeiras na cidade de Basra, sul do Iraque, segundo os militares britânicos.

Cerca de mil soldados invadiram ainda de madrugada cinco casas no populoso bairro de Al Hartha, onde milícias xiitas rivais disputam o controle do petróleo da região, e onde às vezes há ataque às tropas estrangeiras.

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