• Carregando...

O Brasil vai participar da construção de um instrumento astronômico inédito, de alta tecnologia, que será instalado no telescópio japonês Subaru, em parceria com o observatório internacional Gemini, no Havaí. Trata-se de um espectrógrafo ligado a um sistema de fibras óticas, com capacidade para analisar simultaneamente a luz proveniente de milhares de pontos no espaço.

"É um projeto de envergadura equivalente à do lançamento de uma sonda espacial", disse à reportagem o físico Antônio César de Oliveira, responsável pelo projeto no Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), em Itajubá (MG). "Estamos trabalhando no limite da tecnologia."

O custo total do equipamento, segundo ele, ficará na casa dos milhões de dólares. A construção deve começar até o início de 2010, com duração prevista de cinco anos.

O Brasil, que é um dos integrantes do consórcio Gemini, será responsável pelo desenvolvimento e construção do sistema de fibras óticas, que levará a luz coletada pelo telescópio até o espectrógrafo (instrumento que analisa as características de uma fonte de luz). O trabalho será feito no próprio LNA. "Temos a melhor expertise nessa área", diz Oliveira.

O sistema será composto por um cabo de 60 metros, contendo 2.400 fibras óticas. Além do tratamento especial que precisa ser dado às extremidades das fibras, o cabo precisará ser dividido em partes, para que possa ser desmontado conforme a necessidade. Para isso, os pesquisadores do LNA criaram o protótipo de um conector com capacidade para alinhar 800 fibras ao mesmo tempo.

O projeto brasileiro, feito em parceria com os Estados Unidos e o Reino Unido, foi selecionado em uma concorrência do Gemini para a construção do instrumento, batizado de WFMOS (Wide-Field Multi-Object Spectrograph), que será o primeiro desse tipo no mundo. Os EUA farão o sistema de posicionamento e controle. Os britânicos construirão o espectrógrafo propriamente dito.

Oliveira explica que o instrumento permitirá fazer um "mapeamento em grande escala" do universo. Cada fibra ótica poderá ser alocada para uma região específica do céu no campo de visão do telescópio. Assim, em vez de estudar uma única fonte de luz, os cientistas poderão estudar 2.400 fontes simultaneamente. "Estudos que levariam anos de observação poderão ser feitos em poucas noites", diz o físico. Os dados obtidos, segundo ele, serão cruciais para o estudo de grandes questões astrofísicas, como a idade do universo e a natureza da energia escura.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]