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O governo brasileiro trabalha em uma proposta que terá como meta reduzir as emissões em até 38,9% até 2020 – o detalhe é que o objetivo é sobre o que seria lançado na atmosfera dentro de dez anos, caso não houvesse política contra mudanças climáticas. O compromisso brasileiro, apesar de virar lei, será uma promessa sem a obrigação de ser cumprida.

"Acho que o país precisa ter uma meta concreta, mas ela não precisa ser obrigatória", diz Luiz Pinguelli Rosa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e secretário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. "O país tem o grande potencial de reduzir o desmatamento e incentivar a adoção de fontes limpas para a geração de energia."

O Brasil deve defender em Copenhague uma meta global de redução de emissões. Para que isso ocorra, será necessário que os países desenvolvidos direcionem de US$ 200 bilhões a US$ 400 bilhões por ano para projetos em nações em desenvolvimento. O Brasil também deve apoiar a possibilidade de que países ricos comprem créditos de carbono gerados por planos locais contra a mudança climática e pela redução de emissões por desmatamento e degradação (mecanismo conhecido como REDD).

"Assumir um compromisso que precisa ser verificado depende de ele ter financiamento. E até o momento não está claro que o Brasil teria acesso a recursos para cumprir suas metas", comenta Rodrigo Lima, gerente geral do Icone. "A tendência é que o dinheiro colocado pelos países desenvolvidos seja direcionado para nações pequenas e que financie mais projetos de adaptação. Haverá pouco dinheiro para REDD."

Fora das discussões sobre números, é certo que o principal alvo da ação brasileira para reduzir as emissões será a Amazônia. Hoje 52% das emissões do país têm origem no desmatamento. "O ritmo do corte da mata caiu nos últimos anos e agora está perto de 12 mil quilômetros quadrados por ano. Esse é o principal problema a ser atacado", afirma Brenda Brito, pesquisadora do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Na opinião de Brenda, o governo deveria acelerar ações como a regularização fundiária, a inclusão das comunidades em projetos de recuperação da cobertura vegetal e segurar a expansão da pecuária na Amazônia. "Não é eficiente criar uma cabeça de gado por hectare. É preciso investir no ganho de produtividade para que as atividades agrícolas não pressionem a floresta", defende.

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