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Os dois maiores países da América Latina, o Brasil e o México, se enfrentam nesta segunda, às 11 horas em Samara, Rússia, por uma vaga nas quartas-de-final da Copa do Mundo. As ambições são completamente diferentes. O Brasil, que chega pelo menos a esta fase desde 1994, quer pavimentar o caminho rumo ao hexacampeonato. O México quer romper com o estigma de não passar das oitavas de final desde a Copa de 1986, em seu próprio país. E quer derrubar mais um gigante na Rússia: o primeiro foi a Alemanha.

No mundo da bola, as realidades são completamente diferentes: os dois países se enfrentaram quatro vezes em Mundiais, com três vitórias brasileiras e um empate. Fora dela, vivem desafios similares: ambos enfrentam fortes problemas de corrupção e de violência. Ontem, os mexicanos foram às urnas para escolher seu novo presidente. Em outubro, é a vez dos brasileiros.

México

Quando o assunto é corrupção, o México entra em campo em desvantagem: é o sexto pior país das Américas em percepção da corrupção, segundo dados da Transparência Internacional. E, no mundo, ocupa a 135° posição entre 180 países. Numa escala que vai de zero (pior resultado) a 100, ele obteve 29 pontos. Só para comparar, o Brasil está na 96° posição, com 36 pontos.

Segundo a Freedom House, uma organização dedicada à promoção da democracia e dos direitos humanos, escândalos envolveram funcionários de alto escalão ligados ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), atualmente no poder. E não há sinais de que isso vá mudar. A criação de um sistema de combate à corrupção foi paralisada no ano passado.

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A violência também é uma das grandes preocupações no México. Segundo dados do Sistema Nacional de Segurança Pública, em 2017, aconteceram 25,3 mil homicídios, cerca de 20 a cada 100.000 habitantes. O número de assassinatos aumentou 18% durante o governo do atual presidente Enrique Peña Neto, principalmente devido à manutenção da estratégia de militarização no combate aos cartéis da droga, segundo apontam analistas.

As eleições deste domingo, que deram vitória ao esquerdista Andrés Manuel López Obrador, foram as mais sangrentas da história recente do país em termos de assassinatos de políticos. Foram mortos 46 pré-candidatos e candidatos a cargos locais e parlamentares, além de 122 prefeitos, ex-prefeitos e vereadores que foram assassinados nos últimos 12 meses.

Brasil

Do outro lado do campo, o Brasil também enfrenta graves problemas em relação à segurança e à corrupção. De acordo com relatório divulgado pelo governo federal no início de junho, em 2015 o crime custou R$ 285 bilhões aos cofres públicos - o dobro do que foi gasto em 1996 (R$ 113 bilhões). O custo total da segurança pública, da segurança privada, de seguros, da prisão, das perdas de produtividade e dos custos legais e médicos associados consomem 4,38% do PIB.

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O relatório também apontou que os aumentos substanciais nos gastos com segurança proporcionaram apenas benefícios sociais “limitados”, citando o crescimento das estatísticas de homicídios. O Brasil registrou 62.517 homicídios em 2016, o que significa que a taxa de homicídios chegou a 30 por 100.000 habitantes pela primeira vez, de acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Avançada).

Em 2018 as coisas não parecem ter melhorado. Embora o governo federal tenha decretado intervenção militar no Estado do Rio de Janeiro até o fim do ano, nos primeiros quatro meses da operação o número de tiroteios havia crescido 36%, segundo relatório do Observatório da Intervenção; e no início de junho, ataques sistematizados da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) assustaram o país.

A corrupção continua minando a capacidade do governo de fazer e implementar políticas sem a influência de interesses privados ou criminosos. Segundo apontou um estudo da Freedom House sobre liberdade no mundo em 2018, a crise política, ligada a numerosos casos de corrupção, enfraqueceu severamente o funcionamento do governo. Soma-se a isso a pressão exercida pelos caminhoneiros para o tabelamento do frete, após uma greve que durou 11 dias e paralisou o país na segunda quinzena de maio, e uma lenta recuperação econômica.

É neste cenário que o Brasil segue para as eleições, em outubro, que tem como principais nomes na disputa o polêmico deputado federal Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há mais de dois meses por corrupção.

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