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A família de uma adolescente irlandesa de 14 anos que morreu de overdose de ecstasy acusa a Embaixada brasileira na Irlanda de ter ajudado a fuga do namorado, um brasileiro da cidade da Cassilândia, Mato Grosso do Sul.

Segundo testemunho de outro brasileiro perante a Justiça irlandesa, Alceu Tofanell Júnior, Weldo Freitas Cavalcante, de 24 anos, mostrou-lhe o corpo de Jamie Maughan enterrado no quintal dos fundos de uma casa em julho de 2004 e que Weldo admitiu que a adolescente tinha morrido uma semana antes, no quarto dele, que ficava em outra casa, depois de ter consumido ecstasy.

Tofanell Júnior disse ao Tribunal do Condado de Cavan que Cavalcante se mostrava nervoso e preocupado desde que a mãe de Jamie espalhara a notícia do desaparecimento da filha, no fim de junho de 2004.

Ele disse ao tribunal que Cavalcante lhe pedira para dizer a quem quer que perguntasse que ela saíra de sua casa na madrugada do sábado, 26 de junho.

Josephine Farrelly, mãe da adolescente, acredita porém que Tofanell Júnior ajudou o amigo a esconder o corpo.

Somente na audiência realizada na quarta-feira foi dada pela legista do condado a prova de que Jamie morreu depois de ter consumido ecstasy.

Segundo a imprensa irlandesa, Cavalcante tinha acabado de cumprir parcialmente uma sentença de dois anos de prisão por ter sido julgado culpado por causa de relação sexual que mantivera com Jamie.

Outra versão

- A versão dele porém é diferente, conforme Cavalcante disse ao Globo Online.

Segundo o brasileiro, quem lhe pagou a passagem não foi a Embaixada, mas sim o senador Ramez Tebet (PMDB-MS). O senador é da mesma cidade da família de Weldo Freitas Cavalcante, Três Lagoas. Procurada pelo Globo Online, a assessoria do senador ainda não se manifestou.

Leia a íntegra da entrevista:

O caso aconteceu quase uma semana antes da morte de Jamie. Ele foi condenado por estupro estatutário (sexo com menor de idade) no ano passado e solto em janeiro deste ano, sob custódia, tendo em seguida deixado o país. Segundo o advogado da família de Jamie, a Embaixada lhe deu a passagem.

A investigação da morte resultou num veredito de morte acidental. O testemunho de Tofanell Júnior dado ontem pode mudar o rumo do caso.

- Weldo Cavalcante estava sob supervisão do Escritório da Polícia Nacional de Imigração, à espera de sua audiência nesta investigação - disse Larry Burke. - A Embaixada brasileira interveio e pagou a passagem para casa na cara do Escritório da Polícia Nacional de Imigração. Foi um ato de absoluta covardia nacional. O embaixador do Brasil na Irlanda deve ser abordado pelo Ministro das Relações Exteriores e solicitado a explicar esta ação e como a citação desta investigação pôde se ignorada. É uma desgraça absoluta.

A Guarda Nacional de Imigração estava para deportar Cavalcante, mas cancelou a ordem depois da investigação sobre Jamie. Cavalcante foi então transferido para uma hospedaria.

A própria Guarda informou que a Embaixada brasileira solicitara o passaporte ao escritório da imigração para que ele pudesse voar de volta para o Brasil, mas o pedido foi negado.

Então, sempre segundo a Guarda, o setor consular da Embaixada enviou um fax no dia 10 de janeiro informando que ele havia voado para São Paulo via Paris.

Passaporte temporárioA viagem só foi possível graças a um passaporte temporário, segundo a Guarda, que porém não explicou como o brasileiro pôde passar pela Imigração no aeroporto de Dublin, nem como a investigação sobre a morte de Jamie não avançou pelo julgamento da overdose.

- É ridículo que lhe tenham permitido sair - disse o pai de Jamie, Brian Maughan.

A legista Margaret Bolster assegurou que Jamie morreu depois de ter consumido ecstasy. Foram encontrados 3,4 microgramas da droga por mililitro de sangue, nível dentro do espectro letal do ecstasy.

Ela disse que provavelmente a adolescente morreu num local diferente daquele em que o corpo foi encontrado, dados os ferimentos inflingidos depois da morte.

Segundo a médica, se a adolescente tivesse tido cuidado médico de emergência, poderia ter sido salva.

Contactada pelo Globo Online, a Embaixada Brasileira em Dublin anunciou que divulgará nota ainda nesta quinta.

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