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Uma expedição de cientistas brasileiros e peruanos chegou ao nevado Mismi, nos Andes do sul do Peru, onde nasce o rio Amazonas, e coletou dados que, segundo os participantes, confirmarão a hipótese de que este é o rio mais extenso do mundo.

Os expedicionários, sete brasileiros e dois peruanos, disseram que o Amazonas se estende ao longo de 6.762 km, desde sua nascente, nos degelos do Mismi, a 5.597 metros de altitude, até desembocar no oceano Atlântico, depois de percorrer as selvas do Peru e do Brasil.

"Tomamos a longitude em função da nossa hipótese de que a nascente está no degelo do Mismi, por isso, considerando como ponto de partida o nevado, estimamos uma primeira longitude a priori", disse Ciro Sierra, major do exército peruano, que integrou o grupo.

Esta longitude faz do Amazonas - descoberto pelo espanhol Francisco de Orellana em 1542 - o rio mais extenso do mundo, quase cem quilômetros mais longo que o Nilo, na África, que tem 6.671 km.

Sierra disse, no entanto, que a extensão exata e precisa do Amazonas será obtida assim que forem realizadas outras expedições, entre este ano e o próximo.

"Com estas expedições, teremos fundamentos e sustentação técnica suficientes para que nossos dados não sejam rebatidos, para depois propor as modificações à comunidade científica internacional sobre a medição exata do Amazonas como o mais extenso do mundo", acrescentou.

Oton Barros Neto, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), disse que a expedição ao Mismi, realizada nos últimos dias de maio, marcou o início de uma série de estudos científicos sobre as quedas d'água Carhuasanta e Apacheta, situadas no Mismi, a fim de determinar com exatidão em qual delas está a nascente do rio.

"Para determinar a nascente, trabalharemos em temporadas de máxima seca e máxima chuva; a partir daí, determinaremos qual das duas quedas d'água é mais permanente e (poderemos) afirmar com certeza o ponto de origem" do rio, disse Sierra.

A origem do Amazonas é motivo de controvérsia entre especialistas de várias nacionalidades - americanos, russos, tchecos, poloneses, entre outros -, que tentaram localizar sua nascente em uma dezena de expedições, realizadas nos últimos anos no Mismo, situado no departamento (estado) de Arequipa, 1.000 km ao sul de Lima.

Em julho do ano 2000, cientistas da National Geographic Society disseram que a nascente fica na queda de Carhuasanta, enquanto uma missão feita em 1996 pelo polonês Jacek Pavkleviez, membro da Royal Geographic Society, a situou na de Apacheta.

Os trabalhos de campo no Mismi incluíram o estabelecimento de pontos geodésicos, antenas sofisticadas, aparelhos de posicionamento global GPS, que servirão para fazer estudos topográficos e cartográficos do local, servir de apoio a medições de glaciologia e do volume d'água, bem como servir de referência para imagens via satélite.

As pesquisas permitirão conhecer a importância do Amazonas nos ecossistemas brasileiro e peruano, disse Fabrício Vieira, da Agência Nacional das Águas (ANA).

As informações coletadas permitirão prever desastres como secas e inundações e, no futuro, possibilitarão prever de que tempo se dispõe até que o volume d'água do Amazonas diminua para tomar medidas que mitiguem os desastres naturais, disse Vieira.

A expedição contou com o apoio de entidades estatais do Brasil e do Peru.

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