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Prateleiras vazias em supermercado da cidade de Tóquio. População estoca alimentos e os enlatados são os itens mais escassos | Reuters/Aly Song
Prateleiras vazias em supermercado da cidade de Tóquio. População estoca alimentos e os enlatados são os itens mais escassos| Foto: Reuters/Aly Song

Desespero

Paranaense está presa em Fukushima

A paranaense Cláudia Aquino, 27 anos, está no Japão e não consegue ajuda financeira para retornar ao Brasil. Ela mora em Fukushima, a cidade onde está localizada a usina nuclear com reatores seriamente danificados e que já registra altos níveis de radiação na atmosfera. Segundo a mãe de Cláudia, Gina Lúcia Martins de Araújo, que mora em Curitiba, a filha reclama da dificuldade em encontrar água mineral e diz que ainda acontecem pequenos tremores durante a noite. "Ela não consegue dormir porque as paredes balançam", conta Gina, que fez o último contato com a filha na segunda-feira. Cláudia Aquino está acompanhada dos dois filhos, Marcela, com 2 anos, e Mateus, de apenas 4 meses

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As consequências do terremoto e do tsunami que atingiram o Japão na última sexta-feira ainda são sentidas em todo o país. A gravidade dos problemas é percebida de forma diferente dependendo da região. Embora a apreensão pelo futuro seja sentida por todos, a escassez de serviços, comida e outros bens, que é real, não afeta todo o território japonês. Onde é mais grave, como Tóquio, que teve os sistemas de transporte e energia comprometidos, o país tenta achar soluções contornáveis. É o que relatam brasileiros que estão no Japão e enfrentam as dificuldades cotidianas impostas pela tragédia.

Abastecimento

O medo de que algo pior ainda venha a acontecer levou a uma corrida aos supermercados em todo o país. O pesquisador paranaense Bogdan Tomoyuki Nas­­su, 30 anos, mora em Tóquio e conta que certos itens realmente desapareceram das prateleiras. "Alguns produtos estão em falta, especialmente porque os transportes foram prejudicados e muita gente está fazendo estoque", relata Nassu.

Segundo a psicóloga Sandra Castelano, 38, que também mora na capital, não são encontrados especialmente os alimentos não perecíveis . A escassez é confirmada por Roberto Ishii, de 20 anos, que trabalha na cidade de Ueda-shi, em uma fábrica de componentes eletrônicos. Ishii acrescenta arroz, trigo e papel higiênico aos produtos que raros nas prateleiras.

Em relação ao preço das mercadorias, com exceção do combustível, nenhum dos depoimentos revelou um aumento mais brusco. Em certos locais a compra de gasolina é limitada a 10 ou 20 litros. É o que conta Argeno Fujita de Mello, brasiliense de 37 anos."Há lugares em que nem existe mais", completa o diretor de empresa que mora na cidade de Tsu, na região central do país, há 500 km de Sendai.

Transportes

O tremor paralisou por algum tempo os trens de Tóquio mas o sistema está voltando gradativamente à normalidade. Ainda acontecem interrupções esporádicas no serviço e há uma redução no número de veículos no transporte coletivo. O estudante Roberto Carapeto mora na capital e é tranquilizador ao falar do problema. "Não há qualquer problema em se movimentar, a não ser o fato de estar mais lotado". Para Carapeto, a população em Tóquio permanece insegura mas a maioria não acredita que a cidade venha a sofrer de forma mais severa.

Informação

A maioria dos brasileiros no Japão afirma que as informações estão chegando e que há uma notória tentativa do governo de manter contato constante com os cidadãos por todos os meios possíveis, inclusive pelo celular, como revela o fotógrafo Márcio Saiki, 36. "No dia 14 o primeiro-ministro Naoto Kan enviou um SMS para todos os celulares do país", diz Saiki, morador de Nagoya. A imprensa japonesa também têm ganho importância vital ao longo de todos os acontecimentos. Além do uso intenso da TV e da internet, os depoimentos revelam que é notório o aumento no número de japoneses ouvindo notícias pelo rádio.

Energia

O governo japonês pediu a toda a população que economize energia . Já há racionamento. De acordo com Luiz Kruszielski, 26 anos, há corte programado de energia elétrica dia­­riamente e isso desencadeia uma série de problemas. "Co­­­­mo al­­guns edifícios têm sua água bom­­beada por eletricidade, durante esse período pode faltar água", explica o doutorando e bolsista que vive na capital há 3 anos.

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