Míssil nuclear russo RS-24 Yars é escoltado por militares na véspera do ensaio de um desfile militar, em junho de 2020, em Moscou.
Míssil nuclear russo RS-24 Yars é escoltado por militares na véspera do ensaio de um desfile militar, em junho de 2020, em Moscou.| Foto: Sergei Ilnitsky/EFE/EPA

O diretor da CIA, William Burns, declarou na quinta-feira que os Estados Unidos precisam “levar a sério” a possibilidade de a Rússia utilizar armas nucleares na Ucrânia, dadas as complicações encontradas na invasão ao país vizinho. “Dado o desespero em potencial do presidente [russo] Putin e dos líderes russos, dados os reveses que encontraram militarmente, todos precisam levar a sério a ameaça representada pela possibilidade de recorrer a armas nucleares táticas ou de baixa potência”, disse Burns após discursar em uma universidade do estado americano da Geórgia.

O chefe da CIA comentou, no entanto, que não viu provas de que a Rússia se prepara para a utilização desse tipo de mísseis. “Embora tenhamos visto posições retóricas do Kremlin sobre o aumento do seu nível de alerta nuclear, não temos visto muitas provas tangíveis de tais destacamentos para apoiar estas preocupações”, acrescentou. Burns se referiu à declaração anterior de Putin de que colocaria o sistema de armas nucleares russo em alerta. No início desta quinta-feira, a Rússia advertiu que pode transferir armas nucleares para a região do Mar Báltico se a Finlândia e a Suécia aderirem à Otan.

Os EUA alertaram que a Rússia poderia utilizar armas químicas ou biológicas na Ucrânia, mas estes comentários públicos de Burns são, até agora, os comentários mais explícitos dos EUA sobre a utilização de armas nucleares pelo Kremlin na sua invasão à Ucrânia. No discurso feito na Geórgia, Burns afirmou também que o presidente dos EUA, Joe Biden, está tentando impedir a eclosão de uma Terceira Guerra Mundial, o que levou Washington a evitar fechar o espaço aéreo ucraniano ou a rejeitar os planos da Polônia de transferir caças de combate para a Ucrânia. Na quarta-feira, porém, Biden anunciou um pacote de ajuda militar de US$ 800 milhões à Ucrânia.