Busca por sobreviventes após o atentado contra a Amia, em Buenos Aires, em 1994.
Busca por sobreviventes após o atentado contra a Amia, em Buenos Aires, em 1994.| Foto: EFE/EPA

O Irã não esteve vinculado aos ataques terroristas do Hezbollah na década de 1990 contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) e contra a embaixada de Israel na Argentina, segundo revelou o jornal The New York Times nesta sexta-feira. A publicação citou uma investigação interna do Mossad, serviço secreto de Israel, segundo a qual os atentados foram realizados por uma unidade secreta do Hezbollah, cujas operações não estavam ligadas ao Irã e não contavam com a colaboração de cidadãos argentinos.

O ataque contra a Amia, em 1994, causou 85 mortes e foi o segundo atentado terrorista contra os judeus da Argentina, depois que 29 pessoas morreram em 1992, quando uma bomba explodiu em frente à embaixada israelense em Buenos Aires. Segundo o NYT, a investigação detalha como o material para os explosivos entrou ilegalmente na Argentina escondido em garrafas de sabão e caixas de chocolates. Israel, Argentina e Estados Unidos sempre alegaram que o Irã esteve envolvido no terreno com os ataques, algo que o relatório do Mossad desmentiria.

O interventor da Agência Federal de Inteligência da Argentina, Agustín Rossi, pediu cautela no sábado e disse esperar que a Justiça de seu país apure o relatório israelense. “A causa é emblemática e sensível para a Argentina. Entendo que deve seguir o caminho judicial. Se Israel enviar informações, devem ser investigadas pela Justiça”, disse Rossi em declarações à emissora de rádio FM Milenium. “Não tenho informações, além de informações jornalísticas. Li com atenção a reportagem do NYT pelo que significa e pelo impacto que pode ter no país, caso a Justiça dê validade processual”, acrescentou Rossi. “Acho que temos de ter muito cuidado. A Justiça tramitará os pedidos correspondentes a Israel e analisará a veracidade de que as provas podem contribuir para a causa, embora não deixem de ter impacto no país”, reiterou o interventor dos serviços de inteligência argentinos.