Empresária acusou o chefe de Estado e seu entorno mais próximo de terem formado uma rede criminosa para adjudicar ilegalmente contratos e obras do governo.
Empresária acusou o chefe de Estado, Pedro Castillo, e seu entorno mais próximo de terem formado uma rede criminosa para adjudicar ilegalmente contratos e obras do governo.| Foto:

O procurador-geral do Peru, Pablo Sánchez, ordenou a ampliação da investigação preliminar contra o presidente Pedro Castillo pelos supostos crimes de organização criminosa, tráfico de influência agravado e conluio agravado, segundo informou o Ministério Público neste domingo.

Castillo está sob investigação desde o ano passado por várias denúncias de suposta corrupção relacionadas à adjudicação irregular da compra de biodiesel, por pressão sobre promoções de militares e pela licitação para a construção de uma ponte na região de San Martín por meio de uma suposta máfia instalada no Ministério dos Transportes e Comunicações.

Por meio de mensagem no Twitter, o MP peruano especificou que será garantido ao presidente "o pleno exercício do seu direito de defesa e respeito ao artigo 117 da Constituição", que estabelece que só pode ser acusado, durante seu mandato, por traição à pátria; por impedir eleições presidenciais, parlamentares, regionais ou municipais; ou por dissolver o Congresso, além dos casos previstos na Carta Magna.

As investigações contra Castillo se devem, em parte, aos depoimentos da empresária Karelim López, que acusou o chefe de Estado e seu entorno mais próximo de terem formado uma rede criminosa para adjudicar ilegalmente contratos e obras do governo.

Durante um interrogatório perante a Comissão de Fiscalização do Congresso, López mencionou entre os supostos membros da organização o ex-secretário presidencial Bruno Pacheco, bem como ex-ministros, empresários e sobrinhos do governante, para os quais foram decretados 36 meses de prisão preventiva, mas que estão atualmente foragidos da Justiça.

"Confirmo que ele (Castillo) é o líder e que dá as ordens porque seus sobrinhos não levaram empresários para vê-lo por gratidão", declarou López na ocasião.

No início do ano, a ex-procuradora-geral, Zoraida Avalos, havia decidido suspender as investigações contra Castillo, até o final de seu governo (em 2026), depois de tê-lo submetido a um interrogatório, mas o Ministério Público continuou com as investigações contra os demais envolvidos.

Por sua parte, Castillo sempre rechaçou essas acusações e as vinculou a um suposto plano de um setor da oposição para tentar removê-lo do poder.

Após ouvir as declarações de López perante o Ministério Público, a oposição apresentou no último mês de março uma moção para destituir o presidente por "suposta incapacidade moral", um pedido que foi finalmente rejeitado pelo plenário do Congresso.