A caravana, composta por 30 tratores e centenas de carros, motocicletas e outros veículos, avançou pelas avenidas da zona norte da capital até chegar à icônica Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do Executivo argentino.
A caravana, composta por 30 tratores e centenas de carros, motocicletas e outros veículos, avançou pelas avenidas da zona norte da capital até chegar à icônica Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do Executivo argentino.| Foto: Matias Campaya/EFE

Um grupo de produtores rurais marchou neste sábado (23) pelo centro de Buenos Aires, alguns deles em tratores, para protestar contra as políticas do governo da Argentina que consideram prejudiciais ao setor agropecuário. A caravana, composta por 30 tratores e centenas de carros, motocicletas e outros veículos, avançou pelas avenidas da zona norte da capital até chegar à icônica Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do Executivo argentino.

Mais de mil pessoas se reuniram no local para encerrar o ato de protesto, que se espalhou por outras cidades do país, como Córdoba, Tucumán e Rosário. A manifestação não teve o respaldo institucional da chamada Mesa de Enlace, formada pelas quatro maiores associações patronais rurais da Argentina, embora tenha contado com o apoio de algumas entidades agropecuárias regionais e setores da oposição política.

Os motivos do protesto são diversos: além de rejeitar qualquer pressão tributária adicional sobre o setor rural, os organizadores clamaram por melhor administração pública dos recursos, menos gastos políticos e maior investimento em infraestrutura produtiva, entre outros pontos. Da mesma forma, um grande número de cidadãos aproveitou a ocasião para sair às ruas e expressar sua rejeição ao governo nacional, com palavras de ordem contra a corrupção política e a favor da redução de impostos.

Governo diz que manifestação é política

Nos últimos dias, o governo argentino questionou o protesto, argumentando que suas reivindicações "não são muito claras". "Não temos dúvidas de que esta é uma marcha absolutamente política e que tem a ver com outros interesses que não a defesa dos direitos legítimos dos agricultores no campo", comentou a porta-voz presidencial, Gabriela Cerruti, em entrevista coletiva na sexta-feira.

Já o prefeito de Buenos Aires, o opositor Horacio Rodríguez Larreta, pediu que o governo nacional "respeite" os protestos, em vez de "promover confrontos" entre os trabalhadores. "Dada a expectativa do anúncio de que querem aumentar os impostos, como não vão se manifestar, como não vamos apoiá-los? Esse é o motor e o futuro da Argentina", afirmou Rodríguez à emissora “TN”.

O protesto ocorre no momento de uma forte alta nos preços internacionais das matérias-primas desde a invasão russa da Ucrânia, que favorece os agroexportadores da Argentina, um dos maiores produtores e exportadores mundiais de grãos e derivados, mas que tem impactado diretamente em uma aceleração da inflação doméstica, particularmente sobre os alimentos.