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O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev; da China, Hu Jintao; do Brasil, Dilma Roussef, e da África do Sul, Jacob Zuma, durante encontro em Sanya, na China | Governo da Índia/Reuters
O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev; da China, Hu Jintao; do Brasil, Dilma Roussef, e da África do Sul, Jacob Zuma, durante encontro em Sanya, na China| Foto: Governo da Índia/Reuters

Brasil evita criticar China sobre direitos humanos

Mesmo depois de ter arrancado da China o compromisso de parcerias comerciais "mais qualificadas", o Brasil não vai exigir do país asiático uma correção de rota em relação aos direitos humanos. "Não vamos nos transformar num alto-falante permanente", avi­­sou Marco Aurélio Garcia, as­­sessor da Presidência para Assuntos Internacionais. "O fato de nós termos uma tensão grande com esse tema de direitos humanos não significa que vamos tratá-lo como questão obsessiva a todo mo­­mento."

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Conflito

Bloco cobra fim do uso de força na Líbia

Os países que compõem os Brics denunciaram ontem o uso da força na Líbia e defenderam a diplomacia e a negociação para solução do confronto que dilacera o país africano. O tema permeou o terceiro encontro de cúpula do grupo, realizado na China, e foi tratado pelos cinco chefes de Estado nas declarações que deram à imprensa.

Anfitrião da reunião, o presidente Hu Jintao pediu o imediato cessar-fogo na Líbia, mas a proposta não consta do comunicado final dos líderes, divulgado no fim da manhã de ontem na cidade chinesa de Sanya.

Esta foi a primeira cúpula que teve a participação da África do Sul, o novo integrante do clube, ao lado de Brasil, Rússia, Índia e China. Dos cinco, a nação africana foi a única a votar a favor da resolução do Conselho de Segurança (CS) da ONU que criou uma zona de exclusão área sobre a Líbia. Os demais países do Brics se abstiveram.

"Até a África do Sul, que votou a favor da resolução, acredita que é o momento de se voltar a um esforço diplomático", disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota.

Na declaração aprovada durante o encontro, os cinco líderes se dizem "extremamente preocupados" com a turbulência no Oriente Médio e no Norte e Oeste da África.

Leia mais sobre o conflito na Líbia na página 2.

A declaração final do encontro entre chefes de governo dos Brics, divulgada ontem, defende enfaticamente a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da Organização das Naç ões Unidas (ONU). Foi a primeira vez que o tema apareceu em comunicado do bloco, que se reuniu na China. Os documentos anteriores falavam de maneira genérica de reforma da ONU, sem fazer referência ao Conselho.

A mudança ocorreu por pressão da delegação brasileira, que enfatizou a necessidade de avanços na linguagem em relação à úl­­tima declaração, divulgada no Bra­­sil no ano passado. "A reforma da ONU e de seu Conselho de Se­­gu­­rança são essenciais. Não é possível que, ao iniciarmos a segunda metade do século 21, nós ainda es­­tejamos atrelados a formas institucionais erguidas no pós-guerra", afirmou a presidente brasileira, Dilma Rousseff, em sua estreia em grandes fóruns internacionais e provavelmente querendo se re­­ferir à 2.ª década do século 21.

O ministro das Relações Exte­­riores, Antonio Patriota, classificou de "eloquente" o texto da de­­claração no ponto relativo à reforma do Conselho de Segurança. O documento afirma que a instituição deve ser mais "efetiva, eficiente e representativa".

Na frase seguinte, acrescenta: "China e Rússia reiteram a im­­por­­tância que dão ao status da Ín­­­­dia, Brasil e África do Sul nas questões internacionais e entendem e apoiam suas aspirações pa­­ra desempenhar papel mais relevante na ONU".

A menção ao Conselho de Se­­gurança também apareceu pela primeira vez no comunicado conjunto que Dilma e o presidente chinês, Hu Jintao, divulgaram de­­pois de se reunir em Pequim na última terça-feira.

A declaração de ontem ressalta que os cinco integrantes dos Brics fazem parte atualmente do Con­­selho de Segurança da ONU – China e Rússia como membros permanentes e Brasil, Índia e África do Sul por período limitado. Segundo a declaração, essa é uma "oportunidade valiosa para trabalharmos juntos nos temas da paz e da segurança, de reforçar concepções multilaterais e facilitar a coordenação futura de temas sob a consideração do Conselho de Segurança da ONU".

De novo, a inclusão do trecho foi resultado de uma iniciativa do Brasil. Diplomata envolvido nas negociações do documento disse que o objetivo era reforçar a proximidade de posições entre os países e ressaltar a possibilidade de cooperação futura, na hipótese de ampliação do Conselho.

Além de China e Rússia, os ou­­tros três membros permanentes – e com poder de veto – são Es­­tados Unidos, Inglaterra e França. Os defensores da ampliação afirmam que a composição definida depois da 2.ª Guerra Mundial não reflete mais a correlação de forças do mundo atual. Em especial, sustentam que há um déficit de re­­presentação dos países em desenvolvimento.

Patriota acredita que há uma "mudança de ambiente" e uma "aceleração do processo de discussão" desse tema. "O assunto não desaparecerá da agenda internacional e ganhará relevo cada vez maior. É inevitável que a reforma do Conselho ocorra em algum momento."

O ministro ressaltou que o eventual processo de reforma da ONU será "complexo", com necessidade de aprovação da Assem­­bleia Geral e ratificação pelos Congressos de todos os países, além do aval dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.

Na declaração à imprensa, Dilma defendeu de maneira enfática o multilateralismo e disse que a agenda dos Brics não se define por oposição a nenhuma outra agenda. "Estamos engajados na criação de uma ordem multipolar, sem hegemonia nem disputas por áreas de influência."

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