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Forças de segurança de facções rivais palestinas marcharam pelas ruas de Gaza nesta quinta-feira, aprofundando os temores de um conflito entre os dois grupos armados. Jovens de barba e armados com fuzis AK-47, vestidos com uniformes militares, tomaram as ruas. Eles são parte de uma nova força de 3 mil homens do Hamas. Ao mesmo tempo, uma força policial leal ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, desfilava perto dali.

Para os moradores da Cidade de Gaza há uma mistura de confusão e preocupação. Muitos não sabem a qual facção pertencem os homens armados, nem se a maior presença significa mais segurança ou um conflito inevitável.

- Só imagino quando vai chegar a hora H - disse um palestino que via as duas forças manobrando através da Cidade de Gaza, em referência ao crescente temor de um conflito aberto.

Um idoso não sabia diferenciar os integrantes de cada facção.

- Vocês são policiais ou são do Hamas? - perguntou aos homens armados que passavam pelas ruas.

- Somos a força executiva - respondeu um jovem de barba, sem dar uma resposta clara.

A força apoiada pelo Hamas, formada sob a autoridade do ministro do Interior Saeed Seyan, foi colocada nas ruas na quarta-feira, em desafio à autoridade de Abbas, do Fatah, que foi derrotado pelo grupo militante islâmico nas eleições de janeiro. Em resposta, Abbas reforçou a polícia leal ao Fatah, em demonstração de força nesta quinta-feira.

Em partes de Gaza, membros da força do Hamas posicionaram-se ao lado de policiais. Em um lugar, centenas de homens do Fatah faziam uma marcha de treinamento, enquanto membros do Hamas observavam em silêncio.

- Força 17, Força 17 - cantavam os homens armados, em referência ao nome da força de elite leal a Abbas.

Membros do Hamas disseram que não pretendem começar conflitos.

- Fomos enviados para as ruas de acordo com a decisão do ministro do Interior - disse um comandante do Hamas. - Nossa missão é ajudar a polícia a fazer o seu trabalho para acabar com o caos e com a anarquia. Não vamos hesitar nesta função.

Pelo menos cinco membros do Fatah e do Hamas foram mortos em conflitos neste mês e dezenas ficaram feridos.

O analista político palestino Hani Habib disse que o medo dos moradores é real e legítimo.

- Também estou preocupado com a possibilidade da fricção entre as forças levar Gaza na direção de uma catástrofe. É um luta entre dois lados - disse.

Horas antes da força do Hamas ir para as ruas, na quarta-feira, alguns de seus membros retiraram à força estudantes que se manifestavam na frente do Ministério da Educação em Khan Younis, no sul de Gaza.

Mas alguns palestinos dizem que nenhuma das forças parece ter intenção de combater o crime ou resolver disputas, lembrando que o equipamento delas - armas automáticas e granadas - são mais apropriadas para guerras.

- Não é a receita para estabilidade interna - disse uma autoridade do Fatah, em referência à nova força do Hamas. - Quando se pede para uma milícia dominar as ruas e se ignora suas próprias forças policiais, é uma receita para uma guerra civil.

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