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Concluir a "missão" no Iraque e continuar a luta contra o terrorismo são as prioridades da agenda do governo americano para 2006, segundo disse nesta quarta-feira (horário de Brasília) o presidente George W. Bush, em seu discurso sobre o Estado da União.

Bush deixou claro que continuará sendo agressivo em sua política externa. Ao defender a permanência das tropas americanas no Iraque, ele afirmou que os Estados Unidos só tem uma opção: cumprir sua palavra e derrotar os inimigos. O presidente americano também condenou o Irã por seu programa nuclear e afirmou que o movimento radical islâmico Hamas deve reconhecer Israel.

No segundo discurso de seu segundo mandato na Casa Branca, que durou 38 minutos sem contar os aplausos, Bush declarou que 2006 será "um ano decisivo". O presidente disse que ele e os americanos farão mudanças para determinar "tanto o futuro quanto o caráter do país". E criticou duramente o isolacionismo e o protecionismo:

- Vamos escolher entre agir com confiança na perseguição aos inimigos da liberdade ou recuar em nossas obrigações, na esperança de uma vida mais fácil. Vamos escolher entre construir a nossa prosperidade através da liderança da economia mundial, ou nos fecharmos ao comércio e à oportunidade. Numa época complexa e desafiadora, a estrada do isolacionismo e do protecionismo pode parecer ampla e convidativa. Ainda assim, ela termina no perigo e no declínio.

Pressionado por enormes déficits orçamentários, uma guerra cada dia menos popular, e com um índice pessoal de aprovação pelos americanos oscilando entre apenas 39% e 42%, Bush procurou ainda convencer os americanos de que apesar dos desafios serem grandes, tudo está sob controle e não há motivos para alarme.

A novidade na área doméstica foi a condenação à dependência americana ao petróleo, quando o preço do produto está chegando a US$ 70 o barril, ameaçando a vitalidade da economia americana:

- Os Estados Unidos estão viciados em petróleo, que é freqüentemente importado de áreas instáveis do mundo. A melhor maneira de romper com esse vício é através da tecnologia - sugeriu Bush, incentivando a busca de combustíveis alternativos, em especial o etanol.

Bush começou o discurso homenageando a víuva do líder americano na luta pelos direitos civis, Martin Luther King. Coretta Scott King morreu na noite de segunda-feira, aos 78 anos.

De acordo com a rede americana CNN, a polícia do Capitólio prendeu a ativista Cindy Sheehan pouco antes do início do evento. Ela se tornou uma figura central do movimento antiguerra nos Estados Unidos, após a morte de seu filho Casey em combate no Iraque e de sua vigília do lado de fora do rancho de Bush no Texas.

Os democratas reagiram com veemência ao discurso. O senador John Kerry, que enfrentou Bush nas eleições de 2004, disse que a situação que o presidente descreveu é irreal e representa um país de "fantasia".

- O presidente traçou um estado de nossa União muito diferente do que a maioria dos americanos vivem todos os dias - declarou.

Para Kerry, o presidente se nega a dizer a verdade sobre a dependência dos Estados Unidos em petróleo. O senador afirmou que os "viciados" em petróleo são o governo Bush e os republicanos de Washington, os quais evitariam uma ruptura com a dependência que, segundo ele, enfraquece a economia e a segurança do país.

O governador do Estado de Virginia, Tim Kaine, também atacou Bush:

- O governo federal deveria servir ao povo americano. Mas esta missão foi frustrada por escolhas pobres e má administração do governo.

A pesquisa de opinião CNN/USA Today/Gallup mostrou que mais da metade dos americanos que ouviram o discurso reagiram positivamente. Segundo a CNN, 48% dos 464 entrevistados disseram que tiveram uma reação muito positiva. Já 22% disseram que sua reação foi favorável ao discurso, enquanto 23% afirmaram que foram contra as declarações do presidente americano. A margem de erro da pesquisa é de cinco pontos a mais ou a menos. O público foi formado por 43% de republicanos, 23% de democratas e 34% de independentes.

Confira abaixo os principais pontos do discurso:

LIDERANÇA DOS EUA E SEGURANÇA

O presidente americano afirmou que a única maneira de garantir a paz e proteger os americanos, e "a única maneira de controlar o nosso destino", seria através da liderança mundial:

- E, por isso, os Estados Unidos continuarão a liderar.

MISSÃO INCOMPLETA NO IRAQUE

O presidente garantiu que os EUA continuarão mantendo as suas tropas no Iraque pelo tempo que for necessário:

- O caminho da vitória é que trará as nossas tropas de volta para casa. À medida que façamos progressos lá e as forças iraquianas passarem a assumir a liderança, poderemos então reduzir os níveis de nossas tropas.

Bush acrescentou que o momento é "de provação", e que os EUA não podem estar seguros se abandonam os seus compromissos e recuam para dentro de suas fronteiras:

- Uma súbita retirada do Iraque abandonaria nossos aliados iraquianos à morte e à prisão, colocaria homens como Bin Laden e Zarqawi no comando de um país estratégico e mostraria que uma promessa da América tem pouco significado.

AMEAÇA NUCLEAR DO IRÃ

Ao se referir ao Irã, Bush disse que o povo iraniano era oprimido por clérigos e que o mundo não deveria permitir que Teerã obtenha armas nucleares:

- O regime deste país patrocina os terroristas nos territórios da Palestina e do Líbano, e isso deve terminar. O governo do Irã desafia o mundo com suas ambições nucleares e as nações do mundo não devem permitir que o regime iraniano desenvolva armas nucleares.

ELEIÇÃO DO HAMAS

Bush afirmou que apóia as eleições no Oriente Médio e que elas são vitais para a liberdade política, mas que representam apenas o início. E enviou uma mensagem ao grupo extremista Hamas, que venceu as eleições legislativas palestinas:

- O Hamas deve se desarmar, rechaçar o terrorismo e trabalhar em prol de uma paz duradoura.

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