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Alheio à pressão popular, o presidente americano, George W. Bush, deve anunciar na quarta-feira o envio de mais 20 mil soldados do país para o Iraque, como parte de uma nova estratégia para a guerra, há muito aguardada. Para isso, ele pedirá ao Congresso a liberação de uma verba de US$ 6,8 bilhões.

Pode ser a última chance do governo Bush para salvar a missão dos EUA no Iraque e reverter a frustração com a forma como Washington lidou com o conflito, prestes a completar quatro anos. Bush, que poderia estar ensaiando os últimos passos da retirada americana , também pressionará o governo do Iraque por maior participação de suas tropas, treinadas pelos EUA, em operações, e pelo maior comprometimento financeiro de Bagdá com a reconstrução do país árabe. O plano contaria com comprometimento total do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki.

O envio de soldados seria gradual. O primeiro grupo chegaria ao Iraque antes do fim deste mês, de acordo com uma autoridade do setor de Defesa. O contingente, que pode reunir cerca de dez mil homens, sairia da 2ª Brigada e da 82ª Divisão Aerotransportada, que estão atualmente baseados no Kuwait.

Fontes oficiais dizem que a maior parte dos cerca de 20 mil soldados adicionais irá para Bagdá, e que outros 4.000 seguirão para a volátil província de Anbar, onde a insurgência sunita costuma fazer estragos. Já há 140 mil militares americanos no Iraque.

Essas fontes dizem que Bush vai propor que até novembro o Iraque seja responsável pela segurança em todas as suas províncias, mas alertam que isso não implica um cronograma para a retirada americana. Atualmente, o governo iraquiano controla apenas três das suas 18 províncias.

Uma fonte de defesa disse que Bush vai anunciar também uma intensificação no treinamento das forças iraquianas, por meio de um programa no qual os instrutores americanos passam a viver e trabalhar dentro de um quartel local.

O anúncio oficial será feito por Bush a partir de 21h (meia-noite em Brasília), na Biblioteca da Casa Branca. Mesmo antes disso, a oposição democrata, agora majoritária no Congresso, promete combater essa suposta escalada no conflito que já matou mais de 3.000 americanos.

- Na minha opinião, podemos estar a ponto de cometer um erro crítico ao avançar exatamente na direção errada no Iraque. Ao invés de aumento, deveríamos estar buscando formas de começar uma redução ordenada das tropas - disse o senador Robert Byrd.

Mesmo alguns republicanos se mostraram incomodados com as propostas, e uma pesquisa USA Today/Gallup mostrou que 61% dos entrevistados são contrários à ampliação do contingente, enquanto 36% são a favor.

- Ele (Bush) entende que é importante trazer o público de volta para esta guerra e restaurar a confiança pública no apoio à missão - disse o porta-voz de Bush, Tony Snow.

Além das decisões militares, Bush também vai propor ao governo iraquiano metas para o fim da violência sectária, mas não deve haver prazos. De acordo com assessores, algumas dessas metas já estão sendo executadas, como um plano de compartilhamento das riquezas do petróleo, uma reforma constitucional e a autorização para que ex-integrantes do partido Baath, ao qual estava ligado Saddam Hussein, possam novamente ocupar cargos públicos.

- Achamos que muitas dessas coisas vão acontecer naturalmente e logo - disse uma importante fonte do governo norte-americano.

Bush também vai anunciar o envio da secretária de Estado, Condoleezza Rice, ao Oriente Médio, onde deve pedir ajuda de líderes regionais para a estabilização do Iraque. Há um mês, uma comissão bipartidária dos EUA sugeriu a Bush que abordasse os inimigos Síria e Irã para pedir colaboração no Iraque. Ao invés de acatar a idéia, o presidente deve apontar Damasco e Teerã como influências nocivas no Iraque.

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