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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciará na quarta-feira à cética opinião pública norte-americana o envio de mais 21.500 soldados para o Iraque, e admitirá que foi um erro não ter mais forças combatendo no passado.

A oposição democrata é contra o envio de mais tropas ao impopular conflito iniciado há quase quatro anos, posição respaldada nas pesquisas de opinião.

No pronunciamento, marcado para a meia-noite de quarta-feira (horário de Brasília), Bush deve reconhecer também que a paciência norte-americana está se esgotando e pressionará o governo iraquiano para que mostre mais eficiência ou se arrisque a perder o apoio norte-americano.

``O presidente dirá muito claramente que é hora de os iraquianos darem um passo à frente, que não há um compromisso por tempo indeterminado com a presença dos EUA no Iraque'', afirmou uma importante fonte do governo.

Fontes de primeiro escalão dizem que 17.500 soldados irão para Bagdá e outros 4.000 para a volátil província de Anbar. O deslocamento deve começar nos próximos dias e durar algumas semanas. Os EUA já têm 130 mil militares no Iraque.

Por esse plano, o governo iraquiano também teria de deslocar mais três brigadas para Bagdá em fevereiro. Eles farão uma varredura nos bairros da capital e seguirão uma cadeia de comando liderado pelo primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki.

Bush deve admitir que a violência sectária ``superou o progresso político que esperávamos'' e vai ``deixar claro que nossa atual estratégia no Iraque não está funcionando'', segundo uma fonte familiarizada com o discurso.

Outro funcionário afirmou que até agosto o governo poderá avaliar se a nova estratégia funciona. As autoridades dizem que o custo do aumento será de aproximadamente 5,6 bilhões de dólares. Outro 1,2 bilhão deve financiar programas de reconstrução e geração de empregos, evitando assim que muitos jovens sejam recrutados por milícias.

Líderes democratas no Congresso pretendem levar o plano a votação simbólica, o que obrigaria a bancada republicana a se posicionar -eventualmente isolando Bush politicamente com relação à guerra.

"Decisão errada"

Para o senador democrata Dick Durbin, o presidente tomou ``a decisão errada'' e violou sua promessa de ouvir os conselhos de seus generais, vários dos quais eram contrários à ampliação do contingente.

No discurso, o presidente deve ``dizer muito claramente que houve erros com operações anteriores, que não tivemos tropas iraquianas ou norte-americanas suficientes, que os termos pelos quais nossas tropas na verdade conduziram essas operações estavam distorcidos'', segundo Dan Bartlett, assessor da Casa Branca, à rede CBS.

Bush vai propor que a segurança de todas as 18 províncias iraquianas seja transferida às autoridades locais até novembro, mas fontes alertam que isso não significa um cronograma. Atualmente, o Iraque é responsável por apenas três províncias.

Segundo pesquisa USA Today/Gallup, 61 por cento dos entrevistados são contra o envio de mais soldados, enquanto 36 por cento concordam.

Muitos republicanos também criticam a idéia, lembrando que o último reforço militar em Bagdá provocou mais violência. ``Não sei os números, mas já mandamos 20 mil antes. Não fez diferença, porque os iraquianos que treinamos simplesmente não se apresentaram para lutar. É a luta deles, não nossa'', afirmou o senador republicano Gordon Smith.

Para Bartlett, desta vez será diferente, porque nas anteriores o Iraque não enviou o número de tropas que prometera. Recentemente, Maliki prometeu a Bush que enviaria mais soldados a Bagdá e não daria proteção às milícias do clérigo xiita radical Moqtada Al Sadr.

Além do anúncio militar, Bush também deve propor ''parâmetros'' políticos a serem alcançados pelo governo iraquiano''.

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