Calor provoca crise energética nos EUA

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Uma onda de calor sem precedentes deixou o sistema elétrico da Califórnia à beira de um colapso nesta segunda-feira, e as autoridades alertaram que há risco de apagões constantes se os consumidores não iniciarem um racionamento - que inclui desligar os aparelhos de ar-condicionado.

Numa situação que lembra a crise energética de 2000 e 2001, cerca de 100 mil californianos estão sem energia na segunda-feira, segundo as principais empresas do Estado. No fim de semana, houve até 1 milhão de lares e empresas afetados.

O mesmo problema acontece em Nova York e no Missouri.

O calor já matou pelo menos quatro pessoas. Um homem morreu em um asilo de Stockton devido ao desligamento do ar-condicionado, quando a temperatura chegou a 46ºC.

Em Modesto, fontes de um hospital disseram que um paciente morreu do coração após ser internado, sob calor de 41ºC. No Condado de Kern, as autoridades investigam se o calor provocou quatro mortes, duas das quais na semana passada.

A eletricidade disponível diminui no Estado conforme os termômetros sobem, e a Cal ISO (Operadora do Sistema Independente da Califórnia) declarou "estágio 2" de emergência energética. Isso significa que os fornecedores podem cortar ou reduzir o suprimento a empresas que aceitaram tomar providências nessas ocasiões, em troca de tarifas mais baratas.

Até mesmo o maior site de relacionamentos do mundo, o Myspace.com, ficou fora do ar por causa da falta de energia.

É a primeira vez desde o verão de 2005 que a emergência de estágio 2 é declarada, segundo Lori O'Donley, da Cal ISO.

Apagões involuntários e contínuos, o estágio 3, voltariam a ocorrer na segunda-feira se a margem de reserva da energia fosse reduzida na hora de pico, por volta de 16h (20h em Brasília). O último estágio 3 ocorreu em maio de 2001.

Mas isso pode ser evitado se os consumidores elevarem os termostatos do ar-condicionado e desligarem outros equipamentos, segundo Marlon Walker, da empresa Edison Southern Califórnia, que atende a 4,7 milhões de clientes.

- A economia é absolutamente necessária - disse Walker.

A Cal ISO previa para segunda-feira uma demanda recorde, de 52,3 gigawatts, 15% acima do recorde estabelecido no verão passado, e 26% a mais do que o máximo consumido no Estado durante a crise de 2000-2001.

- A rede está funcionando - disse O'Donley. - Mas é importante que tudo continue operacional. Temos de manter os dedos cruzados para que tudo continue funcionando. (Os geradores) estão funcionando a toda - afirmou.

A meteorologia prevê temperatura máxima de 41,1ºC em Sacramento e de quase 43,4ºC no vale de San Fernando, perto de Los Angeles. Embora a temperatura seja menor em várias áreas do que no fim de semana, a demanda elétrica cresceu na segunda-feira por ser dia útil.

Um megawatt normalmente abastece cerca de 700 casas na Califórnia, mas esse número cai durante épocas de consumo excepcional.

A onda de calor segue fazendo estrago também na Europa. A Holanda registrou temperatura recorde para o mês de julho. Na França, o número de vítimas fatais já chega a 30. A Grã-Bretanha também registrou recorde para o mês de julho.