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A oposição kirchnerista da Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta terça-feira (8) a criação de uma comissão para investigar o caso da criptomoeda $LIBRA, que envolveu o governo do presidente Javier Milei e causou perdas para diversos investidores. Segundo informações do jornal Clarín, a decisão representou um duro revés para o Executivo, que tentou — sem sucesso — conter o avanço da proposta articulada por um bloco opositor.
A criação da comissão foi aprovada com 128 votos a favor, 93 contrários e 7 abstenções. De acordo com as informações, a comissão terá 24 membros e será presidida por deputados ligados ao kirchnerismo, que garantiram maioria nela, com 13 cadeiras. A instalação está prevista para o dia 23 de abril, após a definição dos nomes – que deve ocorrer até o dia 11 – e a publicação da resolução de aprovação da comissão pela presidência da Câmara, comandada por Martín Menem, que deve ocorrer no dia 15.
O caso envolvendo a criptomoeda $LIBRA ganhou notoriedade em fevereiro, quando o presidente Milei divulgou em suas redes sociais o ativo digital, impulsionando artificialmente seu valor em poucos minutos. Após a promoção, o preço da moeda disparou, mas despencou logo em seguida quando os criadores — detentores de 70% dos tokens — venderam suas participações no pico da valorização. A operação provocou perdas estimadas em US$ 250 milhões e afetou cerca de 74 mil investidores, gerando suspeitas de manipulação de mercado e favorecimento, agora sob investigação parlamentar.
Milei afirmou que não foi favorecido no caso da criptomoeda $LIBRA e alegou desconhecer detalhes do projeto envolvendo a criação da moeda. Segundo o presidente, seu objetivo, ao promover a memecoin nas redes sociais, era apoiar empreendimentos privados no país. O governo libertário também pediu uma investigação independente sobre o caso, onde até mesmo seriam avaliados os atos do presidente.
Além da criação da comissão investigadora, os deputados aprovaram — por 131 votos a favor e 96 contra — o pedido para convocar o chefe de Gabinete de Milei, Guillermo Francos, e os ministros da Justiça, Mariano Cúneo Libarona, e da Economia, Luis Caputo, além do presidente da Comissão Nacional de Valores, Roberto Silva. As convocações foram marcadas para o dia 22 de abril. Segundo o Clarín, essa é a primeira convocação formal desde 1996, quando o então ministro Domingo Cavallo foi chamado à Câmara para responder sobre medidas econômicas.