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Washington – A Câmara dos Representantes aprovou ontem uma resolução que exige que o presidente George W. Bush retire as tropas norte-americanas do Iraque até setembro de 2008. A aprovação apertada (218 a 212) foi a vitória mais importante dos democratas desde que conquistaram a maioria do Legislativo, nas eleições de novembro do ano passado.

A aprovação foi mais um golpe sofrido por Bush, que nas duas últimas semanas vem sendo colocado contra a parede pelo Congresso. Resta ao presidente fazer o que prometeu: vetar a medida. Até agora, Bush foi o presidente norte-americano que menos usou o veto desde James Garfield, que ficou apenas quatro meses no cargo, em 1881.

O único veto usado por ele foi sobre a lei de financiamento público para pesquisa de células-tronco, em dezembro do ano passado. Bem menos do que Ronald Reagan, que usou a prerrogativa 78 vezes; George Bush pai, 44, e Bill Clinton, 37. Contudo, a relação de Bush com o Congresso vem se transformando em confronto aberto. Em 2006, ele ameaçou usar o veto por seis vezes. Este ano, em apenas três meses, foram nove ameaças.

O maior problema de Bush, portanto, não seria usar a ferramenta do veto, mas sim utilizá-la no pior momento de seu governo, às voltas com os incontáveis escândalos das duas últimas semanas.

O inferno astral começou ainda durante a viagem pela América Latina, quando o presidente teve de engolir a condenação de Lewis Libby, ex-assessor do vice-presidente Dick Cheney, por perjúrio e obstrução da Justiça. Em seguida, foi surpreendido com a notícia de que o FBI, de maneira ilegal, quebrou o sigilo eletrônico, bancário e telefônico de milhares de cidadãos americanos.

Dias depois, mais um escândalo. Seu secretário de Justiça, Alberto Gonzales, foi acusado de demitir, por razões políticas, oito procuradores federais. Semana passada, Bush sofreu sucessivas derrotas no Senado e na Câmara, que aprovaram intimações para que seus principais assessores, entre eles Karl Rove, fossem ouvidos em audiências públicas pelo Congresso.

Muito irritado, assim que soube do resultado, o presidente, cercado por familiares de soldados na Casa Branca, acusou os democratas de armar um circo. "Eles acham que quanto mais atrasarem o envio de recursos para nossas tropas, mais me forçam a aceitar a retirada. Mas isso não vai acontecer", disse.

Para conquistar mais apoio, os líderes do partido democrata vincularam o financiamento da guerra – US$ 124 bilhões, pedidos por Bush –, ao estabelecimento de uma data para a retirada das tropas. "Essa vitória foi um momento histórico par a nação", comemorou Nancy Pelosi, líder dos democratas na Câmara.

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