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Quem enxerga o telefone celular apenas como objeto de consumo ou como acessório - até bonitinho - pode estar perdendo a chance de exercitar a criatividade e de, quem sabe, ficar famoso. Alguns brasileiros já aderiram à nova mania dos cinéfilos internacionais de usar a câmera digital do celular para fazer filmes, um braço hi-tech da proposta do Cinema Novo. São curtas que duram de poucos segundos a até dez minutos e que elevam imagens capturadas por um portátil ao status de novo integrante dos microfilmes, o "pocketfilm".

O Festival do Rio 2006, por exemplo, abre nesta quinta-feira a mostra PocketFilms, totalmente voltada para produções deste porte - pequeno!

Como o país só registra aumento no número de aparelhos ativos - em agosto, a Anatel contabilizou 94,9 mil celulares -, o que não falta é candidato a usar o acessório para capturar imagens na rua, entre amigos ou onde a imaginação mandar. Basta procurar no YouTube ou no Orkut por "microfilme" ou "curta em celular" para constatar.

O cineasta Luciano Dias, um destes amantes do "novo Cinema Novo" e das novas tecnologias, estava na edição do curta-metragem "Pé" - que explora o dia de um pé na cidade do Rio de Janeiro - quando resolver explorar as brincadeiras com o telefone celular:

O celular é o Super 8 (mm) atual. Você mesmo brinca com uma câmera e pode fazer um filme médio ou curta. É só ter paciência. Com o esforços das operadoras e das fabricantes para que o celular não sirva só para falar, em pouco tempo teremos uma linguagem cinematográfica própria para celular - afirma Dias.

O acervo de registros e o curta no celular - ou brincadeiras, como prefere classificar - de Luciano Dias estão no Orkut e devem chegar até o fim do ano disponíveis no YouTube, casa dos curtas produzidos por ele.

- Respeitadas as individualidades, ele (o celular) é ótimo para filmar seqüencias na rua, imagens de pés, ângulos mais arrojados. Para quem gosta de cinema o celular é um ótimo instrumento para quem quer fazer um treinamento do olhar ou buscar novos ângulos. A gente pode usar o celular como uma espécie de ferramenta de estudo - diz.

Já o cearense Zé Wellington Filho, de 22 anos, expôs no YouTube algumas de suas produções, entre elas o microfilme "Uma mazelagem real", curta de celular que nasceu de uma brincadeira com o aparelho do amigo.

- Alguns amigos que viram (a produção) disseram que eu tinha selecionado ótimos atores, mas são amigos meus - brinca o estudante de administração.

O jovem, que possui um celular Motorola E398 com cãmera de 1,2 megapixel, já dirigiu e montou curtas-metragens premiados em festivais de cinema regionais, edita trailers comerciais e animação, mas aposta no mais novo hobby como um novo mercado que pode fortalecer as produções cinematográficas brasileiras.

- Eu vejo poucas perspectivas para quem quer trabalhar e viver de cinema, mas acredito que a tendência é melhorar com a chegada de aparelhos (celulares) melhores e com portais como YouTube abrindo este espaço - analisou.

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