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Os primeiros 16 dos 262 caminhões russos carregados com ajuda humanitária para a população civil do leste da Ucrânia chegaram neste domingo (17) à passagem fronteiriça entre os dois países após serem inspecionados por equipes da Cruz Vermelha, que assumiu a jurisdição da carga.

"Chegaram à fronteira 16 (caminhões) Kamaz. Pararam fora do posto de controle. Não há representantes da Cruz Vermelha. Estamos negociando", escreveu em seu perfil no Facebook o chefe do Serviço de Alfândegas ucraniano, Anatoli Makarenko.

Pouco antes, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha informou em sua conta no Twitter que "representantes dos guarda de fronteiras e alfândegas da Rússia e Ucrânia concordaram com a inspeção do primeiro grupo de caminhões com a ajuda humanitária".

No entanto, e apesar de todos os detalhes parecerem fechados depois que Kiev e a Cruz Vermelha reconheceram nesta madrugada a carga russa como ajuda humanitária, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa ucraniano, Andrei Lisenko, voltou a semear a confusão em declaração à imprensa.

"Os guardas de fronteiras e o pessoal de alfândegas não receberam ainda a documentação para certificar a carga humanitária", disse Lisenko.

Após vários dias de queda de braça entre Kiev, Moscou e a Cruz Vermelha, a organização internacional revisou hoje a carga de alguns dos 262 caminhões russos com 1.900 toneladas de alimentos, remédios, sacos de dormir e geradores elétricos a bordo.

Em qualquer caso, não há data para a entrada do comboio russo na Ucrânia, entre outras coisas porque Kiev, que mantém uma cruenta luta contra os rebeldes pró-Rússia no território, não garantiu ainda a segurança do comboio à Cruz Vermelha.

Esta organização será a responsável de transportar, tramitar e distribuir a carga humanitária russa entre os moradores de Lugansk, à beira da catástrofe humanitária, já que carece de água e luz há duas semanas e foi abandonada por metade de seu quase meio milhão de habitantes.

Os caminhões russos, em cada um dos quais deverá ir pelo menos um membro da Cruz Vermelha, por exigência expressa de Kiev, cruzarão à Ucrânia pela passagem fronteiriça ucraniano Izvarino, em poder dos separatistas pró-Rússia da mesma forma que boa parte de toda a rota que separa a fronteira do destino final da carga.

O acordo entre Moscou e Kiev sobre a ajuda humanitária russa para Lugansk e a reunião entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França realizada hoje em Berlim não contribuíram para diminuir a tensão entre os dois países vizinhos.

Invasão militarAs autoridades da Ucrânia denunciaram hoje a entrada nesta madrugada de uma coluna militar russa formada por três caminhões portadores de lança-mísseis Grad, uma arma capaz de arrasar superfícies de até 15 hectares.

Lisenko também reiterou que as posições ucranianas são atacadas dia após dia com fogo de artilharia da Rússia e denunciou que dez aviões não tripulados russos sobrevoaram ontem o território ucraniano.

A Ucrânia havia denunciado há dois dias a entrada de uma coluna de blindados russos na região de Lugansk, mas a Rússia sempre negou qualquer apoio com armas e assistência técnica militar aos sublevados pró-Rússia, como também negou ter disparado de seu território contra posições das forças de Kiev.

"Dissemos em reiteradas ocasiões que não fornecemos nenhuma ajuda técnica (militar)" ao leste da Ucrânia, insistiu hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Enquanto isso, continuam os combates entre as forças de Kiev e os separatistas pró-Rússia nas regiões orientais de Donetsk e Lugansk, cujas capitais homônimas estão praticamente cercadas pelas tropas governamentais.

Pelo menos dez civis morreram e outros oito ficaram feridos nas últimas horas na cidade de Donetsk, onde vários edifícios foram danificados nesta madrugada por fogo de artilharia, pelo qual se acusam os dois lados.

Em menos de uma semana, mais de 90 civis morreram e mais de 130 ficaram feridos durante os encarniçados combates na região de Donetsk.

Por outro lado, os sublevados derrubaram nesta madrugada um caça ucraniano Mig-29, reconheceu o porta-voz das forças de Kiev, Leonid Matiujin, em declarações à televisão local.

O avião foi derrubado quando realizava um ataque aéreo contra posições dos rebeldes, assegurou Matiujin, que detalhou que o piloto conseguiu salvar a vida após ejetar-se do aparelho e chegar a um lugar seguro.

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