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Camponeses paraguaios denunciaram nesta quarta-feira abusos de agentes da Polícia Nacional em terras do interior do país que têm as escrituras disputadas entre o Estado e uma empresa brasileira de biocombustível.

Seis camponeses que vivem há 20 anos nas terras,que ficam no estado em Caaguazú, cerca de 200 quilômetros ao leste de Assunção, teriam sido agredidos e detidos sem motivo pela polícia, segundo a denúncia enviado à ONG Coordenadoria de Direitos Humanos do Paraguai.

Em 10 de outubro, a polícia desalojou de forma violenta 180 famílias camponesas destas terras, que a empresa brasileira Bioenergy reivindica como suas, apesar de o Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert) do Paraguai reconheceu que os camponeses são legítimos ocupantes.

A denúncia, à que a Efe teve acesso, pede à promotoria que investigue os agentes que servem no posto de controle situado na entrada da Colônia Laterza Kué que teriam agredido e detido na sexta-feira um de seus moradores. Os policiais o acusavam de ferir outro policial dias antes.

Em depoimento o homem disse que sete agentes bateram nele até cair, e continuaram chutando na costela, na cabeça e no olho. Depois, com uma algema em cada braço, dois policiais o prenderam em uma cruz, enquanto outros lhe batiam em todo o corpo.

Outros cinco camponeses também teriam sido agredidos com tapas por agentes que invadiram suas casas no último dia 17.

Os policiais supostamente os levaram em uma caminhonete à sede da empresa Bioenergy, onde os transferiram para outro veículo e depois abandoná-los em um uma estrada vicinal, segundo a promotoria.

O Paraguai é o país com a segunda maior concentração de terras no mundo, em que 2,6% dos proprietários controlam 85,5% da superfície agrária, segundo a Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Os três mil hectares em disputa neste caso, chamadas Laterza Cuépertenciam à família de Mario Laterza desde 1913, mas durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989) o terreno foi desapropriado e cedido a um fazendeiro simpático ao regime, que depois o vendeu à empresa brasileira Bioenergy, dedicada à produção de soja.

Segundo o senador Sixto Pereira, do partido do ex-presidente Fernando Lugo, o esquerdista Frente Guasú, a Justiça expropriou as terras em favor dos camponeses, mas a empresa recorreu e ainda não há uma sentença definitiva.

O presidente do Indert, Justo Cárdenas, disse ontem que "se não se soluciona"este problema, se provocar um Curuguaty 2", em referência ao conflito mais grave por propriedade de terras no Paraguai que aconteceu em junho do ano passado quando 11 camponeses e seis policiais morreram em um enfrentamento durante um despejo policial.

O choque, que provocou a cassação do presidente Lugo, aconteceu em terras disputadas entre o Estado e a família do fazendeiro e figura de destaque do Partido Colorado Blas N. Riquelme.

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