União
América Latina apoia causa argentina e olha para Atlântico Sul
AFP
A América Latina, mais unida que há trinta anos, quando explodiu a guerra das Malvinas sob domínio britânico, se uniu à Argentina em sua reivindicação de soberania e ressuscita, com o Brasil na liderança, uma iniciativa para controlar o Atlântico Sul.
Os países latino-americanos apoiaram de forma unânime a Argentina, rejeitaram a presença militar britânica na região e pretendem corroborar essa posição na Cúpula das Américas de Cartagena em abril.
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, disse que o Brasil colabora com o Uruguai para convocar uma reunião da "Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul", com países sul-americanos e africanos banhados pelo oceano.
"Há um interesse de Brasil, Argentina e Uruguai de criar uma área de segurança do Atlântico Sul, há décadas isso estava na agenda", afirma o professor da Universidade Estadual Paulista, Tullo Vigevani.
"O Atlântico Sul é extremamente importante para todos os países de ambos os lados do oceano. A geologia dessa região é um espelho, o que há do lado sul-americano, existirá do sul-africano, e já estão sendo descobertas grandes reservas petroleiras na costa africana, além da riqueza do oceano, como a pesca", afirma Alberto Pfeifer, do Grupo de Análises de Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo.
O coronel argentino reformado Manuel Dorrego, de 81 anos, durante mais de 25 se negou a falar sobre as Malvinas, mas, às vésperas do 30.º aniversário da guerra, quebrou o silêncio para revelar detalhes sobre os campos minados instalados em 1982 e que ainda estão praticamente intactos.
Dorrego guarda na memória o chamado do general Mario Benjamín Menéndez com um pretexto fictício para convocá-lo a uma reunião na qual foi informado do plano da Junta Militar, presidida pelo ditador Leopoldo Galtieri, de invadir as Malvinas, território sob domínio britânico.
Dois dias depois, relata, viajou ao arquipélago como secretário de Obras Públicas do governo provisório, visita que durou apenas dois meses.
O militar foi o encarregado de abrir caminho sobre a difícil geografia das ilhas, facilitar o abastecimento de água e de eletricidade e instalar minas terrestres.
Dorrego ainda se lembra de sua surpresa ao descobrir que já existiam campos minados pelos ingleses "em toda a costa" antes mesmo da guerra.
Para plantar um campo minado "é preciso ser muito cuidadoso", explica, e elaborar um detalhado registro sobre a localização, com medições exatas, para garantir a segurança do próprio Exército.
Estima-se que entre 15 mil e 20 mil minas antipessoais e antitanques foram enterradas nas ilhas.
Após a derrota, Dorrego entregou ao major britânico Roderick Mac Donald os registros dos campos minados e os detalhes necessários para sua remoção.
Durante semanas, "os oficiais e suboficiais argentinos trabalharam removendo as minas com esses registros", afirma.
No entanto, os britânicos suspenderam os trabalhos para evitar que a Argentina pudesse invocar convenções militares internacionais, que determinam que o Exército de um país deve remover as minas de seu território.
Hoje, Dorrego se pergunta por que o Reino Unido negou ter informações sobre as áreas minadas e por que não as desmontou ainda, "privando a população de caminhar livremente".
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