O cabo-de-guerra econômico que passou a dominar a corrida presidencial nos Estados Unidos gerou ontem uma inversão de papéis: enquanto o democrata Barack Obama expressou apoio aos planos de intervenção em larga escala do governo republicano no mercado, John McCain, crescentemente contraditório, criticou os planos de resgate generalizado em Wall Street.
McCain, que luta para se distanciar do impopular governo de Bush, disse que "o FED (o banco central americano) deveria voltar ao seu papel principal de gerenciar nossa oferta de moeda e a inflação (...) e parar de fazer resgates.
A fala chega depois que a Casa Branca anunciou que prepara com o Congresso a compra de centenas de bilhões de dólares em papéis "podres de instituições financeiras. A proposta coroa o distanciamento da doutrina republicana, pouca afeita a intervenções no mercado.
A campanha democrata, por sua vez, se equilibrou entre a tentativa de mostrar capacidade de liderança e declarações cautelosas. Embora ressaltasse que é preciso também ajudar o cidadão comum, Obama confirmou que apóia as intervenções do governo.
"Precisamos dar ao FED e ao secretário do Tesouro o poder necessário para estabilizar o mercado e manter sua liquidez, disse ontem. Foram dois de seus atuais conselheiros econômicos o ex-secretário do Tesouro Larry Summers e o ex-presidente do FED Paul Volker que inicialmente sugeriram um resgate de larga escala dos papéis de Wall Street.
O discurso, contudo, não foi acompanhado pela esperada exposição de um novo plano econômico. Obama disse que "um plano não pode ser feito de um dia para outro, de improviso, e preferiu esperar o detalhamento da proposta oficial.
A crise atual começou com o estouro da bolha especulativa dos títulos imobiliários de alto risco, em 2007, e se espalhou para diferentes instituições. Antes de resgatar a AIG, o governo assumiu as agências de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac e o banco de investimentos Bear Sterns.



