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Eleições americanas

Obama e McCain na berlinda

Eleitores não confiam na habilidade dos candidatos norte-americanos para solucionar os problemas financeiros do país

Enquanto o republicano John McCain vem se contradizendo a respeito da crise econômica ... | Eric Mueller/Reuters
Enquanto o republicano John McCain vem se contradizendo a respeito da crise econômica ... (Foto: Eric Mueller/Reuters)
... o democrata Barack Obama tem apresentado opiniões vagas sobre o assunto |

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... o democrata Barack Obama tem apresentado opiniões vagas sobre o assunto

Os mercados financeiros dos EUA estão em chamas, prestes a ruir. Mas, faltando apenas seis semanas para os americanos elegerem o seu novo presidente, os eleitores se sentem desamparados: não acreditam que o governo de George W. Bush conseguirá solucionar o problema, e tampouco confiam na habilidade de John McCain ou Barack Obama de resolver a questão.

Nenhum dos dois candidatos ainda conseguiu convencer a maioria dos eleitores de que sabe como lidar com a crescente crise econômico-financeira. McCain tem exibido uma extraordinária capacidade para se contradizer a respeito do assunto, além de apenas sugerir medidas paliativas. O democrata Obama, numa posição mais cômoda – depois de oito anos de uma sofrível administração republicana – também tem sido vago.

Ambos vêm se esmerando na troca de acusações mútuas, em vez de projetar um plano específico de resgate. Atentos, e por isso aflitos, os eleitores têm demonstrado sua frustração. Apenas 24% dizem que é muito provável que Obama traga o tipo de mudança necessária para fazer de Wall Street um porto seguro das finanças. Um grupo um pouco maior (29%) acha que é capaz de Obama conseguir fazer isso. Mas é bem maior (42%) o contingente dos que acreditam que ele não conseguiria dar um jeito nessa situação – segundo a mais recente pesquisa da Rasmussen Reports. McCain tampouco merece confiança. As cifras referentes a ele são semelhantes.

Apenas 25% acham que o republicano conseguiria produzir reformas que afetassem Wall Street. Outros 25% acreditam que ele faria isso. E 38% não apostam um centavo em sua capacidade. Ambos os candidatos aparentemente não se deram conta, ainda, de que nada menos do que 48% dos americanos que têm dinheiro aplicado afirmam que suas finanças pessoais estão piorando. Sem contar que 49% dos eleitores acreditam que o governo não fará o suficiente para salvar o país de um desastre financeiro.

"O povo americano está preocupado com a situação de nossos mercados financeiros e com a nossa economia. E eu compartilho de suas preocupações", limitou-se a dizer Bush, num comunicado emitido quinta-feira passada.

McCain se atrapalhou diante da crise. Segunda-feira, quando o quarto maior banco de investimentos do país, Lehman Brothers, entrou em concordata, causando pânico nos mercados, o republicano insistiu que "os fundamentos econômicos do país são sólidos". No dia seguinte, quando o governo teve de desembolsar US$ 85 bilhões para salvar a AIG, maior seguradora do país, McCain mudou de opinião: "Estamos numa crise. Todos sabemos. Estamos numa crise total".

Ele também escorregou em seus princípios. Até terça-feira era ardoroso defensor da auto-regulação dos mercados, sem qualquer interferência do governo – inclusive na monitoração de seus procedimentos. Na quarta-feira, McCain emergiu prometendo submeter o sistema financeiro à rigorosa regulação do governo: "Vamos acabar com os abusos em Wall Street. Vamos pôr um fim à mesquinharia!", afirmou.

Obama praticamente limitou-se a reafirmar que realizará mudanças profundas. Na sexta-feira, quando o governo anunciou a criação de um pacote financeiro, o democrata foi pressionado a dizer que medidas práticas, afinal, ele próprio apresentaria para resolver a questão. Mas esquivou-se: "vou esperar primeiro que o governo apresente as suas propostas. Aí, então, revelarei as minhas".

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