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Fundo Marítimo

Pesquisa levanta informações sobre como proteger orcas

A pesquisa da qual o cachorro Tucker faz parte é financiada pelo Fundo Marítimo de Washington e está ligada à Administração Oceânica e Atmosférica Nacional. O trabalho está levantando novas questões sobre como proteger as orcas. Wasser afirmou que quando começou o projeto, há quatro anos, acreditava que a atividade dos barcos seria um elemento crucial no estresse das baleias, o que poderia ser percebido por meio dos hormônios presentes nas fezes.

Mas, segundo o pesquisador, ele descobriu que a fonte de alimentos era mais importante e que a queda na população de salmões – causada pela pesca predatória e pela degradação dos habitats – era um importante fator estressante. Segundo ele, compreender o que ocorre com as fontes de alimento ajuda a saber quais ações de políticas públicas devem ser realizadas em nome dos animais.

Por meio das fezes, os biólogos são capazes de dizer, por exemplo, quais baleias passaram o inverno na costa do sul da Califórnia, porque as fezes conteriam um volume maior de traços de DDT, o pesticida que foi banido em 1972. O veneno ainda está presente depois de décadas nos peixes que as baleias comem antes de voltar para o norte. Outros grupos de orcas apresentam concentrações de dioxinas, ou PCBs, relacionadas à atividade industrial nos arredores de Seattle.

Seco

Mas, apesar de tantas horas a bordo de um barco, Tucker nunca se molha. Ele odeia nadar, contou Seely. Ela não sabe ao certo por quê. Um trauma de quanto era filhote, imagina. Mas isso, Tucker não consegue dizer.

Com o rabo balançando e um misterioso passado como cão de rua em Seattle, um cachorro chamado Tucker se tornou uma estrela inesperada no mundo dos cães cientistas. Segundo os pesquisadores, ele é o único cão farejador do mundo capaz de sentir o odor das fezes de orca em oceano aberto – a mais de 1,5 quilômetros de distância do menor detrito.

Com a ajuda de muito trabalho e da obsessão por uma bola laranja amarrada a uma corda – com a qual pode brincar sempre que a busca é bem sucedida –, Tu­­cker é um ás na detecção de algo que a maior parte das pessoas, e provavelmente dos cachorros, não gostaria de encontrar.

E seu trabalho não é nada fácil. As fezes podem afundar ou se dispersar em menos de 30 minutos. Entretanto, elas são fundamentais para o monitoramento da saúde das baleias da região, um grupo ameaçado e que provavelmente faz parte de uma das populações de animais mais estudadas do planeta.

Mais de 85% das orcas que frequentam a costa da ilha de San Juan, cerca de duas horas a nordeste de Seattle, foram genotipadas e possuem décadas de informações registradas a seu respeito, desde o ano de nascimento até o número de filhotes.

E nada disso poderia ser feito com tanta facilidade se não fosse por Tucker e seu nariz preto e úmido – ou sem os novos truques que ele ensina aos cien­­tistas.

"Às vezes­­ ele vira, se senta e fica­­ olhando pa­­ra mim, es­­perando que­­ eu descu­­bra o que ele ­­quer", afir­­mou De­­bo­­rah­­ A. Giles, que está ter­­mi­­nando um­­ doutorado a respeito de como as orcas da região foram afetadas pelos milhares de observadores de baleias e dos barcos de observação particulares que se­­ aglomeram ao seu redor.

"Ele é muito sutil", afirmou Giles, por trás do leme do barco de pesquisa Moja, enquanto Tucker, um cão preto de 8 anos de idade, misto de labrador, corria pela proa durante uma recente manhã.

É melhor esclarecer desde o princípio: cocô de orca não cheira assim tão mal. Talvez porque o animal se alimente basicamente de salmão chinook – o mais saboroso, de acordo com muitos amantes dos frutos do mar – o cheiro é mais de peixe do que de podre.

Entretanto, diferentemente dos cães farejadores de drogas, que podem andar presos por coleiras, é a embarcação de pesquisa que funciona como as pernas de Tucker, quando ele fareja o odor. O cão não pode ir fisicamente ao local onde a amostra está, mas precisa sinalizar a direção para onde quer que o barco vá, farejando o odor das fezes espalhadas em algum lugar da superfície.

Como o oráculo de Delfos, ele exige que cada expressão seja interpretada por seus acólitos – afinal, Tucker pode se dirigir a um dos lados do barco, depois ao outro e, então, voltar repentinamente para seu colchão verde, com a cabeça entre as patas e a trilha perdida – quando seu focinho encontra outra trilha, todos precisam segui-lo.

"O menor movimento de suas orelhas é importante", afirmou Elizabeth Seely, uma treinadora que trabalhou com Tucker durante quatro anos em uma organização não governamental chamada Conservation Canines, especializada em cães que ajudam pesquisadores a cuidar de espécies ameaçadas. Ela ficou ao seu lado durante uma recente busca pelas fezes, transmitindo discretos sinais para Giles, enquanto a pesquisadora pilotava – um pouco mais à direita, mais à esquerda, dê a volta – conforme Tucker sugeria a partir de sua postura e nível de atenção.

Entretanto, parece que todas as criaturas estão aprendendo novos truques nessas águas. Os salmões começaram a se esconder embaixo de embarcações comerciais de observação de baleias, quando são caçados pelas orcas. Os barcos, por sua vez, estão repletos de pessoas – na alta temporada mais de 500 mil passam por lá entre maio e outubro – que pagaram para ver baleias e que, em muitos casos, voltam para casa querendo ajudá-las de alguma maneira, segundo cientistas e os operadores desses barcos. Em troca, os amantes de baleias reforçam as engrenagens da economia local, que depende cada vez mais da presença de baleias.

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