
O Comando Simón Bolívar, partido do candidato da oposição na Venezuela, Henrique Capriles, formalizou ontem o pedido de recontagem dos votos da eleição presidencial do último domingo. Horas antes, porém, a presidente do Tribunal Superior da Venezuela, Luisa Morales, declarou que não há base legal para uma recontagem, o que indica que a solicitação do oposicionista deverá ser rejeitada.
O chefe nacional da campanha opositora, Carlos Ocaríz, disse a jornalistas que foi solicitada a revisão de "máquinas e cadernos" de votação, e que houve uma reunião de "cerca de duas horas e meia" com a presidente do CNE, Tibisay Lucena. Após o pedido ser protocolado junto ao Conselho Nacional Eleitoral, Capriles afirmou através de sua conta no Twitter que é um pequeno grupo que rejeita a recontagem dos votos.
"Todo nosso povo, de uma tendência ou outra, está de acordo com a recontagem, é um pequeno grupo que se nega", declarou. Ele argumenta que a eleição de domingo foi fraudada e que ele teria vencido o pleito. Nicolás Maduro se elegeu com 50,8% dos votos, menos de dois pontos porcentuais a mais do que Capriles.
"Na Venezuela, o processo eleitoral é absolutamente automatizado, de forma que a contagem manual não existe", afirmou antes da formalização do pedido a presidente do Tribunal Superior. Ela citou a Constituição de 1999, que "eliminou o processo de contagem manual dos votos". Tecnicamente, a recontagem é possível já que um recibo em papel é emitido para o voto de cada eleitor. Porém, a legislação eleitoral do país não contempla essa possibilidade.
Morales é a mesma juíza que emitiu uma controversa decisão em março, segundo a qual Maduro se tornou efetivamente presidente após a morte de Hugo Chávez. Pela lei, entretanto, quem deveria ter sucedido Chávez era o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
A juíza acusou a oposição de "enganar" os venezuelanos e fazê-los acreditar que a recontagem manual é possível, levando a uma série de tumultos nos últimos dias. "Alguns venezuelanos se feriram e alguns foram mortos", declarou.
Oitava morte
O presidente eleito Nicolás Maduro confirmou ontem o falecimento de uma mulher devido aos incidentes violentos da última segunda-feira, o que aumentou para oito o número de mortos. "Nos informaram sobre o falecimento de uma compatriota que estava ferida", disse.
Maduro afirmou que a mulher, que identificou como Rosiris del Valle Reyes, faleceu em consequência de "um tiro nas costas" em um hospital de Caracas depois dos incidentes registrados nos arredores de um ambulatório onde trabalham médicos cubanos.



