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Súditos se aglomeraram em Londres para ver o casamento do príncipe William com Kate Middleton: conto de fadas para conquistar apoio popular | Kieran Doherty/Reuters
Súditos se aglomeraram em Londres para ver o casamento do príncipe William com Kate Middleton: conto de fadas para conquistar apoio popular| Foto: Kieran Doherty/Reuters

Beijo real

Charles e Diana versus William e Kate

O momento mais esperado do casamento do príncipe William com Kate Middleton, o beijo na sacada do Palácio de Buckingham, é também o que mais gerou polêmica. Tão logo os recém-casados selaram a união com dois beijos rápidos diante de uma multidão, surgiram as comparações com o enlace do príncipe Charles e Diana.

Os pais de William quebraram o protocolo em 1981 e inauguraram a tradição do beijo em Buckingham. Na ocasião, a multidão fervorosa gritou pedindo o beijo do casal. Charles estava reticente a corresponder ao pedido, mas Diana o convenceu, e eles se beijaram.

Trinta anos depois, William e Kate também atenderam aos pedidos da multidão que se aglomerou em frente ao palácio e deram seu primeiro beijo em público como casados. Poucos minutos depois, se beijaram novamente, caso alguém tivesse perdido o primeiro.

Para comentaristas, apesar de os beijos de William e Kate terem sido mais rápidos do que o de Charles e Diana, foram mais naturais e mostraram uma maior conexão do casal, ao contrário dos pais do príncipe, que teriam se movido estranhamente. Fica a polêmica e a expectativa de que o último casamento dure mais do que o de Charles e Diana.

Festa interfere na economia britânica

Londres - O turismo até aumentou a venda de suvenires, mas o casamento do príncipe William com Kate Mid­dleton não deverá gerar o impulso para a economia da Grã-Bretanha que o governo espera. A Confe­­deração da Indústria Britânica estima que um feriado extra normalmente custe à economia em torno de 6 bilhões de libras (R$ 15 bilhões) em produção perdida.

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  • A cena do beijo do príncipe Charles e Diana é repetida 30 anos depois por William e Kate, na sacada do Palácio de Buckingham

O casamento real está consumado. Motivo de alívio para alguns, pois, aos poucos, o príncipe William e a duquesa de Cam­­brid­­ge – novo título de Kate Middle­­ton – vão parar de ser notícia em todos jornais diariamente. Agora, com menos euforia, fica a questão de qual papel as famílias reais ainda exercem no século 21.

Existem cerca de 40 monarquias no mundo, 11 delas na Eu­­ropa e a mais popular é a do Reino Unido. "A rainha Elizabeth II tem poder simbólico, é uma liderança moral e representante nacional", explica o professor de História da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Wilson Mas­­ke. A monarca promulga as leis e tem poder para indicar o primeiro-ministro, dissolver o parlamento e convocar novas eleições. Mas a família real tem seguido a tendência à democracia do mundo ocidental e respeitado as decisões do parlamento e os resultados das eleições legislativas.

Ter um papel simbólico não é pouco, principalmente quando se trata de um evento com o al­­cance que o casamento real teve. "A monarquia só vale pelo que representa. É preciso sair do nível do sonho para entender a função desse casamento no jogo político mundial", ressalta Fre­­derico Alexandre Hecker, professor de História da Universidade Presbi­­teriana Mackenzie, de São Paulo. Para ele, a projeção que se deu à união de William e Kate é uma maneira de "capturar pelo conto de fadas", fazer com que os ingleses se sintam melhores porque têm a família real mais conhecida e aclamada em todo o mundo.

Um dos principais papéis da monarquia, segundo Hecker, é afirmar status sociais. Um exemplo seria a divisão dos convidados na Abadia de Westminster. "A família real britânica estava em um canto privilegiado, outras famílias reais em outro canto, ricos e celebridades em outro lugar. E o povo, lá fora, se contentava em balançar a bandeirinha", diz o professor da Mackenzie.

Assim como outras famílias reais da Europa, os Windsor descendem do ducado alemão Saxe-Coburgo Gota. A tradição era que eles casassem entre si para unirem as heranças e os títulos.

O professor da PUCPR interpreta a dimensão que o evento teve com otimismo. Para ele, uma história de um príncipe com uma plebeia tem forte apelo ao imaginário popular e serve como alívio na sociedade contemporânea. "As pessoas têm uma demanda por notícias boas. Só se ouve falar de conflitos e catástrofes naturais. Casar por amor desperta ternura", diz Maske .

O custo do casamento está estimado em 30 milhões de libras (cerca de R$ 82,9 milhões). Não se sabe exatamente quanto, mas a rainha Elizabeth II e o príncipe Charles devem arcar com a maior parte.

"Precisamos prestar atenção à ambiguidade da palavra ‘real’. Pode ter o sentido de realidade ou de realeza. E não existe nada mais fora da realidade do que a família real", reflete o professor.

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