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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen: Casos de antissemitismo aumentaram na Europa após os ataques dos terroristas do Hamas contra Israel
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen: Casos de antissemitismo aumentaram na Europa após os ataques dos terroristas do Hamas contra Israel| Foto: EFE/EPA/OLIVIER MATTHYS

A guerra que está em curso no Oriente Médio entre o grupo terrorista Hamas e o Estado de Israel fez com que o número de casos de antissemitismo disparasse em países do continente europeu.

Países como França, Espanha, Reino Unido e Alemanha observaram um aumento significativo no número de casos de violência e hostilidade direcionados à comunidade judaica desde os ataques dos terroristas palestinos contra o Estado judeu, ocorridos no último dia 7 de outubro.

A maioria dos ataques realizados contra as comunidades judaicas europeias contam com a participação de muçulmanos ou de pessoas que apoiam a “resistência” palestina.

Uma pesquisa da Liga Antidifamação, organização judaica americana, divulgada em maio deste ano, já havia revelado que a Espanha tem liderado o número de casos antissemitas na Europa, sendo seguida pela Bélgica, França, Alemanha e Reino Unido.

No final de semana em que ocorreu os ataques do Hamas contra Israel, uma sinagoga em Madri, capital da Espanha, teve suas paredes vandalizadas com diversas pichações que diziam “Palestina livre”. Além das palavras, os vândalos ainda desenharam uma Estrela de Davi, símbolo presente na bandeira israelense, com um risco, conforme informações do site Euronews.

"Estes têm sido dias muito difíceis, cheios de medo e de profunda incerteza. É uma situação de cortar o coração e estamos em contato permanente com os nossos familiares em Israel", disse Estrella Bengio, presidente da Comunidade Judaica de Madri, ao site Euronews.

A França, país que segundo dados do próprio governo abriga a maior comunidade judaica da Europa, viu os casos de antissemitismo disparar desde os ataques do Hamas. Cerca de 590 atos antissemitas já ocorreram no país, que conta atualmente também com um grande número de muçulmanos, a maioria refugiados que chegam na Europa para tentar recomeçar a vida.

Entre os ataques ocorridos contra os judeus na França estão o envio de cartas com tons ameaçadores, pichações nas paredes com a expressão “matar judeus é um dever”, desenhos de suásticas em escolas e até mesmo agressão física.

Ao jornal britânico The Guardian, um cidadão de origem judaica chamado Jérémy, dono de um restaurante, afirmou que neste momento os judeus ou franceses que têm suas raízes em Israel estão com medo de sair de casa.

“Alguns dos meus amigos em Israel estão realmente mais preocupados conosco aqui na França", disse ele.

"Na França, há um problema com os judeus. Mas o que fizeram os judeus na França? Nada. A atmosfera está pesando sobre todos. Há muita dor. Qualquer pessoa com o mínimo de humanidade está sofrendo agora”, completou.

Segundo informações do Ministério do Interior francês, a polícia local já registrou mais de 20 prisões de indivíduos que têm conexões com grupos antissemitas. Para tentar conter o aumento dos casos de ódio contra os judeus, medidas de segurança foram intensificadas em locais considerados sensíveis, como sinagogas e escolas. O governo francês também proibiu as manifestações pró-Palestina.

A Alemanha, por sua vez, observou os casos de antissemitismo aumentarem cerca de 240% desde o início do conflito no último dia 7. A maioria dos mais de 200 ataques de ódio contra os judeus que residem no país estão ocorrendo por meio de ameaças de morte, pichações com marcações da Estrela de Davi nas portas das casas de famílias judaicas e a destruição das bandeiras de Israel.

Em Berlim, capital do país, que conta com um grande número de muçulmanos, informações do jornal britânico Financial Times apontam que o sentimento anti-Israel tem sido evidente também nas escolas.

Felix Klein, comissário do governo para a Vida Judaica na Alemanha, afirmou que os judeus do país estão "chocados com o antissemitismo evidente em grupos muçulmanos e organizações de extrema esquerda".

No Reino Unido, a polícia local relatou que os casos de antissemitismo dispararam de forma alarmante nas últimas semanas. Segundo informações da agência Reuters, o comandante da Polícia Metropolitana, Kyle Gordon, disse que houve até o momento 75 prisões de indivíduos relacionados a atos antissemitas e 408 incidentes envolvendo o ódio contra judeus.

Em 2022, os ingleses haviam registrado apenas 15 casos de antissemitismo no mês de outubro, o que demonstra a influência do conflito no Oriente Médio no aumento dos crimes de ódio contra a comunidade judaica local. Os casos fizeram com que algumas escolas judaicas no norte do país pausassem suas atividades.

Na Itália, os agressores estão indo mais longe. Autoridades relataram que paredes em vias públicas estavam recheadas nas últimas semanas de pichações com várias palavras antissemitas e também com diversos desenhos de suásticas do regime nazista alemão e elogios ao grupo terrorista Hamas.

Ao Financial Times, Ruth Dureghello, ex-presidente da Comunidade Judaica de Roma, expressou sua preocupação de que a situação possa piorar no país à medida que Israel intensifica sua resposta militar aos ataques terroristas do Hamas.

"No início, todo o mundo estava com Israel, não havia como estar do outro lado", afirmou ela, acrescentando que agora já pode observar que a perspectiva "já está mudando".

O presidente da Associação Judaica da Europa, Menachem Margolin, expressou em entrevista à Euronews sua profunda preocupação com o aumento dos casos de antissemitismo no continente europeu, descrevendo a situação “como algo não visto em décadas”. Segundo ele, neste momento, muitos judeus que vivem na Europa relatam à associação sentir medo e insegurança por causa da situação.

Margolin ainda citou que diversas famílias judaicas estão tomando precauções adicionais para ampliar sua segurança, como realizando a instalação de câmeras de segurança e janelas à prova de balas.

Stephan Kramer, ex-secretário-geral do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, alertou recentemente à mídia alemã que as vidas dos judeus que residem no país podem estar em perigo devido ao aumento dos crimes de ódio intensificados após o início da guerra no Oriente Médio.

Kramer, que atualmente é o chefe da inteligência do governo no estado alemão de Turíngia, disse que neste momento os apoiadores do Hamas não se limitam somente a manifestações e discursos de ódio contra os judeus. Segundo ele, os apoiadores do grupo terrorista possivelmente estão trabalhando para começar a influenciar ataques concretos contra instituições judaicas e israelenses ao redor do mundo.

"O Hamas está novamente convocando a violência aberta contra judeus, restaurantes judeus, lojas e sinagogas em todas as partes do mundo. Alguns palestinos exigem abertamente e descaradamente uma espécie de Kristallnacht 2.0”, disse ele.

Kristallnacht foi a “Noite dos Cristais” – a série de ataques coordenados contra os judeus na Alemanha Nazista em 1938, que incluiu a destruição em massa de sinagogas, lojas judias, casas e escolas judaicas, bem como ataques pessoais contra os judeus.

Em entrevista ao The Guardian, Michael O'Flaherty, diretor da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (UE), descreveu o antissemitismo como um "racismo profundamente enraizado na sociedade europeia" que representa uma ameaça existencial para a comunidade judaica do continente europeu.

Ele enfatizou que eventos como a invasão da Rússia na Ucrânia e a atual guerra entre os terroristas do Hamas e Israel têm sido propícios para o aumento dos casos de antissemitismo. O'Flaherty salientou a necessidade de se condenar todas as “formas de ódio na Europa” nesse momento.

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