![Catalunha aprova referendo sobre separação da Espanha Ted Boy Marino, 72 anos, morreu no início da noite desta quinta-feira (27), após uma cirurgia de emergência de trombose | Zulmair Rocha/Folhapress](https://media.gazetadopovo.com.br/2012/09/marino-1.0.91553695-gpLarge.jpg)
O Parlamento da Catalunha aprovou ontem a convocação de um referendo popular para que os catalães decidam "livre e democraticamente seu futuro coletivo", em referência à separação da Espanha.
A proposta foi aprovada por 84 votos a favor dos 131 emitidos, com apoio da coalizão governante Convergência e União (CiU, centro-direita nacionalista), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista) e grupos minoritários de esquerda.
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O ramo catalão do Partido Popular, do premiê espanhol Mariano Rajoy, e a legenda Ciutadans (Cidadãos, em catalão) votaram contra. A maioria dos deputados do Partido Socialista da Catalunha se absteve.
A medida foi aprovada após a chamada, anteontem, de eleições parlamentares antecipadas na região autônoma, feita pelo presidente de governo, Artur Mas. O novo pleito será realizado em 25 de novembro.
O chefe de governo afirmou que a intenção é abrir caminho a um processo no qual os catalães decidam sobre o futuro da relação com a Espanha, em meio a uma forte crise econômica.
O líder nacionalista tomou essa decisão após uma grande manifestação em Barcelona no dia 11 e depois que Rajoy rejeitou conceder à Catalunha um tratamento fiscal especial.
Governo espanhol
O governo espanhol lembrou ontem que a convocação de um eventual referendo defensor da soberania na Catalunha tem que ser autorizado pelo Estado.
Se for feita uma convocação recorrendo à lei catalã, o governo nacional poderia pedir ao Tribunal Constitucional para deixá-la sem efeito, afirmou a vice-presidente espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría.
A "número dois" do governo lembrou, ao ser perguntada sobre esse assunto em entrevista coletiva, que essa convocação afetaria "todos os espanhóis", por isso a consulta teria que ser realizada em todo o país.
A vice-presidente também disse que o governo está disposto a usar todos os instrumentos existentes para impedir uma consulta desse tipo, que, alegou, não seria "conforme a Constituição". "Não há apenas instrumentos jurídicos para pará-lo, mas além disso há um governo, este governo, que está disposto a usá-los", ressaltou, acrescentando que o Executivo poderia recorrer ao Tribunal Constitucional.
"Ou seja, se for adotada a decisão de convocar um referendo dessa natureza inconstitucional, se vai diretamente ao Tribunal
Constitucional" e se "suspende a convocação" da consulta "logo após o governo pedir", especificou.
A Catalunha, que responde por 18% do PIB espanhol, enfrenta como o resto da Espanha as consequências da crise com o aumento do desemprego e drásticos cortes sociais que promoveram o descontentamento local.
Os partidos nacionalistas catalães reclamam que uma grande fatia de recursos provenientes da região, uma das maiores da Espanha, acabam em regiões mais pobres.
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