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Um manifestante envolto em uma bandeira espanhola com os emblemas do FC Barcelona participa de um protesto contra a independência em frente à sede da Rádio Catalunya, em Barcelona, no dia 27 de setembro de 2017 | JOSEP LAGO/AFP
Um manifestante envolto em uma bandeira espanhola com os emblemas do FC Barcelona participa de um protesto contra a independência em frente à sede da Rádio Catalunya, em Barcelona, no dia 27 de setembro de 2017| Foto: JOSEP LAGO/AFP

A prefeita de Barcelona, Ada Colau, liderou nesta quinta-feira (28) uma ofensiva diplomática para angariar apoio internacional ao plebiscito catalão de independência, previsto para o domingo (1º).

As manobras surpreendem, pois ela vinha mantendo um discurso contraditório. Ora apoiava a consulta, ora se recusava a pôr o aparato municipal à disposição. Colau deve votar branco ou nulo.

Seu partido, o Catalunya en Comù, votou em julho contra a realização do plebiscito. A sigla tem origem em movimentos pelo direito à habitação, no contexto da severa crise financeira de 2008.

Nesta quinta-feira, Colau publicou um artigo no jornal britânico "Guardian" pedindo a intervenção da Comissão Europeia (braço executivo da UE) na disputa entre a Catalunha e o governo central espanhol, sediado em Madri. Barcelona é a capital catalã.

No texto, ela escreve que estão em risco "os direitos e liberdades fundamentais" e insiste na necessidade de um espaço de mediação.

Colau também escreveu a prefeitos de capitais europeias para transmitir a sua "preocupação pela gravidade dessa situação". A prefeita disse que a questão catalã se tornou a crise territorial mais grave da União Europeia.

Silêncio

A Comissão Europeia, por sua vez, tem mantido silêncio sobre a questão, ainda encarada como disputa interna.

A Catalunha, região espanhola com algum grau de autonomia (tem polícia e Parlamento próprios), quer se separar por completo do país — razão do plebiscito.

Uma das justificativas é que o território possui economia dinâmica e poderia ser mais forte sozinho, já que contribui com 20% do PIB espanhol, de cerca de US$ 1,2 trilhão.

A Catalunha tem também uma cultura e língua particulares, que servem de base ao sentimento nacionalista, fermentado desde o século 19.

Mas o governo central em Madri diz que a consulta é irregular. A lei aprovada por legisladores catalães foi considerada ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol.

Ainda assim, a Catalunha planeja declarar sua independência de maneira unilateral 48 horas após o domingo, caso vença o "sim". A administração federal não vai reconhecê-la.

Simpatizantes à independência, ou ao menos ao direito de votar, têm ido às ruas para protestar contra os obstáculos erguidos pelo governo. Na quinta-feira, milhares de estudantes se manifestaram em toda a região. Só em Barcelona foram 16 mil, segundo as autoridades.

Cédulas

O governo catalão, que tem intensificado nos últimos anos seus pedidos pela separação, reclama do que considera serem medidas repressivas por parte do governo central espanhol.

O Estado, governado pelo primeiro-ministro conservador, Mariano Rajoy, enviou centenas de policiais à Catalunha para a manutenção da ordem no domingo de votação. São esperados confrontos entre independentistas e forças de segurança.

Madri também derrubou dezenas de páginas na internet com informações práticas sobre o plebiscito, gesto pelo qual recebeu críticas.

Além disso, o governo central tem tentado impedir o plebiscito por meio do confisco de material de votação. Na quarta (27), a polícia recolheu três milhões de cédulas e seis milhões de envelopes.

Centenas de urnas foram encontradas em um depósito com logos do clube Barcelona. Elas teriam sido utilizadas em uma votação interna e poderiam ser reaproveitadas no plebiscito de domingo.

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