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O toureiro espa­­nhol José Tomás é atingido por um touro em Barcelo­­na: apre­­sen­­ta­­ções  estavam em decadência na Ca­­talunha | Carlos Cazalis/Reuters
O toureiro espa­­nhol José Tomás é atingido por um touro em Barcelo­­na: apre­­sen­­ta­­ções estavam em decadência na Ca­­talunha| Foto: Carlos Cazalis/Reuters

Tradição

Touradas marcam a história da Espanha.

Origem - As apresentações com touros remontam ao século 12. Apesar de terem começado como celebrações da família real ou de vitórias militares, no século 18 Felipe V proibiu a aristocracia de participar da prática.

Prática - Estima-se que aproximadamente 250 mil touros são mortos por ano em touradas pelo mundo. Os animais costumam ser feridos pelos toureiros várias vezes antes de morrer.

Touros - Os animais usados são de linhagens especialmente criadas em ranchos (ganaderías). Os touros Miura, de Sevilha, são os mais procurados, por terem matado mais toureiros famosos que qualquer outro.

Arenas - Há cerca de 600 arenas de touradas na Espanha, algumas com capacidade para 20 mil espectadores. A arena Plaza Mexico, na capital mexicana e com capacidade para 55 mil pessoas, é a maior do mundo.

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A tourada se tornou mais um elemento a diferenciar a Catalunha da Espanha, que a tem como um de seus símbolos mais conhecidos. Ontem, o Parlamento catalão ba­­niu a tradição a partir de janeiro de 2012.

A decisão desencadeou nova onda de críticas à Catalunha em outras regiões espanholas, semanas após o conflito de sentimentos nacionalistas ter recrudescido com a derrubada do Estatuto catalão e a vitória da Espanha na Copa.

"Buscar a diferença à custa da liberdade é inaceitável’’, disse o líder da oposição do país, Mariano Rajoy.

Num indicativo de como a questão dos toros atravessa as fronteiras políticas, o presidente da Generalitat (o Executivo catalão), José Montilla, socialista assim como o governo espanhol, defendeu a mesma posição que Rajoy: votou contra o banimento.

Acabou derrotado pelos votos da CiU, o maior partido do Parla­­mento, de tendência nacionalista. Ao fim da sessão, Montilla se apressou em pedir que não se considerasse a decisão como mais um ponto de confronto entre a Espanha e a Catalunha.

O veto foi aprovado com 68 votos a favor e 55 contra. O placar remete à divisão que existe na opinião pública da região, já que uma pesquisa feita neste ano indicou leve vantagem do grupo antitaurino (43% a 36%).

Mas os que viam hipocrisia ou objetivo político no veto apontavam o dedo para o fato de não terem sido banidos os "correbous’’, uma tradição local. Nela, o touro é solto na rua e desafiado por pessoas, e não por toureiros, e não é necessariamente morto ao final. A decisão de não incluí-los no projeto se deveu a que afetaria a tradição de povoados do interior catalão.

As touradas eram um alvo mais fácil. Vinham em decadência na Catalunha. Existe uma única arena em funcionamento na região, a Monumental de Barcelona, que frequentemente só não fica às moscas nas touradas dominicais graças aos turistas.

Mais rica das 17 Comunidades Autônomas espanholas, a Catalunha se tornou a primeira parte da Espanha continental a adotar tal medida. Os defensores das touradas falam em questionar a decisão no Tribunal Consti­­tu­­cio­­nal, o mais importante da Espanha.

É "uma ofensiva nacionalista, uma provocação e uma vingança", afirmou Jaime Mayor Oreja, eurodeputado do opositor Partido Popular (PP, direita) e ex-ministro do Interior.

A proibição "nada tem a ver com proteção do meio ambiente nem com os maus-tratos dos animais", mas busca "romper laços entre a Catalunha e o resto da Espanha", afirmou a presidente regional de Madri, Esperanza Aguirre.

Os defensores franceses das corridas somaram suas vozes a essa tese.

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