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Católicos e muçulmanos vão se reunir a partir desta quarta-feira (4) no Vaticano para tentar lançar uma iniciativa inédita na relação entre as duas religiões e criar um mecanismo permanente de diálogo. De um lado, o Vaticano quer maiores garantias de que as minorias cristãs possam praticar sua fé em países muçulmanos sem ameaças. De outro, os muçulmanos querem ser reconhecidos não como uma religião ligada à violência e apelam para que o Vaticano ajude a promover essa imagem.

O encontro que começa nesta terça-feira (4) é o primeiro dessa magnitude realizado nas dependências da Santa Sé e envolve acadêmicos e clérigos das duas religiões. Na quinta-feira (6), os especialistas terão reunião com o papa Bento XVI. Um dos possíveis resultados seria a criação de um plano de gerenciamento de crise para evitar tensões entre as duas religiões.

Há um ano, um grupo de intelectuais muçulmanos - que ficou conhecido como "Palavra Comum" - enviou uma carta ao papa sugerindo o início do diálogo, na tentativa de estabelecer confiança entre os líderes religiosos. Não por acaso, a reunião desta terça-feira (4) recebeu o nome de "Amor por Deus, Amor pelo Vizinho". Um dos temas do encontro é Dignidade Humana e Respeito Mútuo. "Precisamos desenvolver um mecanismo de reação à crises", afirmou Ibrahim Kalin, um acadêmico turco que atua como porta-voz do grupo muçulmano.

O Vaticano se queixa de que os cristãos em países muçulmanos não têm liberdade religiosa. Um exemplo: por ordem do governo turco, não são permitidas cerimônias cristãs na igreja de São Paulo, em Tarso, na Turquia.

Na semana passada, o arcebispo e presidente da Conferência Episcopal da França, Jean-Pierre Ricard, deu indicações do que será a mensagem do papa. "O islamismo deve seguir o mesmo caminho da Igreja Católica nos últimos 200 anos e aceitar as conquistas do Iluminismo, como os direitos humanos e, principalmente, a liberdade religiosa", afirmou, em uma conferência em Bruxelas. "A liberdade religiosa refere-se à liberdade de consciência, à possibilidade de aderir ou deixar uma religião. Sei que isso é um problema delicado para muitos muçulmanos. Mas acredito que uma total integração à sociedade européia implica essa liberdade", disse Ricard, em referência às gestões da Turquia para fazer parte da União Européia.

Já os muçulmanos alertam que católicos na Europa também resistem à construção de mesquitas. Em Colônia, na Alemanha, imigrantes turcos que planejam erguer a maior mesquita da Europa têm recebido críticas das autoridades locais. No sul da Espanha o problema não é diferente. Na Suíça, um grupo de extrema direita propôs um plebiscito para decidir se muçulmanos poderiam ou não edificar locais de culto.

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