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Após um ano à frente da Igreja Católica, o primeiro papa latino terá bastante trabalho pela frente em seu continente. Pelo menos é o que indica a pesquisa sobre religiões do Latinobarometro divulgada quarta-feira (16/4), segundo a qual o número de católicos na América Latina caiu de 80% a 67% entre 1995 e 2013.

Para o instituto, no entanto, a queda é "muito menor do que a agenda informativa dá a entender", com 12 dos 18 países analisados ainda com mais de 60% de católicos.

"Nos dados recentes nós não vemos um impacto no número de católicos devido à chegada do papa Francisco", disse o Latinobarometro, acrescentando que é muito cedo para dimensionar o impacto do novo papado, que começou em março do ano passado.

Os latinos que abandonam o catolicismo, porém, costumam abraçar outras religiões. "O crescimento econômico não produz um impacto direto de secularização como em outras regiões do mundo", aponta o estudo. Os únicos dois países em vias de secularização são Uruguai e Chile.

A Nicarágua é o país onde o catolicismo mais caiu: foram 30 pontos percentuais de 1995 a 2013. Somente no México a porcentagem de católicos subiu - eram 77% e agora são 79%.

No Brasil, a porcentagem caiu de 78% para 63% nesses 18 anos. Os evangélicos foram de 8% a 21% e os ateus ou sem religião passaram de 6% para 11%.

Por ainda manter mais de 60% de católicos, o país segue no grupo classificado como de dominação católica, mas se observa a "perda dessa dominação", diz a pesquisa. O Brasil ocupa o sexto lugar entre os países com "alta diminuição de católicos e aumento de evangélicos".

O primeiro lugar é de Honduras, onde a comunidade católica caiu de 76% a 47%, enquanto evangélicos subiram de 12% a 41%.

Na Argentina, terra natal do papa Francisco, os católicos subiram dois pontos percentuais de 2011 a 2013 e agora somam 77%. O país está classificado no grupo onde se observou pouca mudança no quadro religioso nos últimos 18 anos.

O país com mais católicos, proporcionalmente, é o Paraguai, com 88% da população. Já o país com mais ateus ou agnósticos, também proporcionalmente, é o Uruguai, com 38%.

Confiança

A pesquisa indica que em alguns países, nos quais a diminuição do catolicismo foi baixa, o impacto dos escândalos da Igreja Católica não teve tanto efeito.

Na América Latina, 73% da população confia na igreja sem distinção de religião. Entre católicos, o índice é de 78% contra 81% entre evangélicos.

Em 2011, eram 69% os que confiavam na Igreja Católica, o que leva a crer que as promessas de reforma e combate à pedofilia implantadas por Francisco já tiveram efeito.

No Brasil, 78% da população confia na igreja e 67% se considera praticante da sua religião.

A pesquisa mostra ainda que, entre os jovens da América Latina, 61% são católicos, enquanto entre os maiores de 60 anos a porcentagem é de 74%. Nos evangélicos, o fenômeno é inverso: entre os jovens, 19% seguem a religião, e, entre os maiores de 60 anos, 14%.

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