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Sul-coreanos se despedem de familiares que vivem na Coreia do Norte, depois de reunião rara | Lee Ji-eun/Reuters
Sul-coreanos se despedem de familiares que vivem na Coreia do Norte, depois de reunião rara| Foto: Lee Ji-eun/Reuters

Percalços

Passagem pela China é às vezes um inferno para os fugitivos

A vida em território chinês é mais fácil para as mulheres norte-coreanas do que para os homens, já que há uma considerável demanda por imigrantes ilegais para trabalhar como garçonetes, faxineiras e outros postos relacionados a serviços.

No entanto, o medo de ser detido e repatriado pelas autoridades e os abusos cometidos pelas máfias – como estupros ou trabalhos forçados – transformam a passagem pela China em um inferno para os fugitivos norte-coreanos, que frequentemente apresentam estresse pós-traumático e outros transtornos na chegada à Coreia do Sul.

Uma equipe de psicólogos oferece tratamento no centro de saúde de Hanawon, onde os que sofreram abusos sexuais durante a fuga são tratados também por ginecologistas.

Embora haja várias exceções, o refugiado médio que chega ao território sul-coreano tem menos de 30 anos e quase nenhuma formação acadêmica ou profissional.

Os cursos de formação profissional de Hanawon buscam facilitar a integração dos refugiados no competitivo mercado de trabalho da Coreia do Sul, um país onde reina o capitalismo.

Uma vez fora da instituição, o governo sul-coreano ajuda a encontrar moradia e fornece de forma gradual US$ 7 mil para que se estabeleçam.

Mesmo assim, muitos ficam relegados aos postos mais baixos do mercado de trabalho e sofrem discriminação.

  • Kim Jong-un, o líder norte-coreano, acena para multidão

O centro de segurança Hanawon é uma passagem obrigatória para os milhares de refugiados norte-coreanos que chegam a cada ano à Coreia do Sul. É o lugar onde eles deixam para trás as marcas da propaganda do regime comunista e onde são preparados para um novo desafio: sobreviver ao capitalismo em uma das sociedades mais competitivas do mundo.

A ditadura de Kim Jong-un na Coreia do Norte utiliza a propaganda constante e o isolamento do exterior como principais armas para controlar cidadãos, por isso aqueles que chegam ao Sul precisam passar por um processo de reeducação para se adaptar à nova sociedade.

Cercado de montanhas e com o aspecto de uma escola de ensino médio, Hanawon, cuja sede principal fica a cerca de 100 quilômetros de Seul, foi fundado em 1999 e, como o número de refugiados aumentou muito, uma filial foi aberta em 2012.

Após passar pela triagem dos serviços de inteligência para detectar possíveis espiões, os recém-chegados do norte são internados durante três meses no complexo onde, além de lições para desmontar a propaganda do regime de Kim Jong-un, recebem serviços educativos, médicos e inclusive religiosos para os que professam algum credo.

Dos 347 internos nas duas sedes de Hanawon, 276 são mulheres e 71 são homens. A diferença se explica porque a Coreia do Norte realiza um serviço militar de até 13 anos de duração, durante o qual é praticamente impossível escapar do país.

Além disso, na Coreia do Norte, viajar entre cidades requer autorizações especiais do governo, mais fáceis de serem conseguidas pelas mulheres, o que lhes permite ir a zonas próximas da primeira porta para a deserção: a fronteira com a China.

Depois de atravessar a linha marcada pelos rios Yalu e Tumen, os refugiados costumam permanecer um longo tempo na China esperando uma oportunidade de chegar a um terceiro país para pedir asilo na Coreia do Sul.

"Levei sete anos até chegar à Tailândia, onde pedi asilo na embaixada sul-coreana", relatou Mimi Park, de 24 anos.

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347 pessoas estão hoje nas duas sedes do centro de segurança de Hanawon. Desse total, 276 são mulheres e 71 são homens, um desequilíbrio que responde a vários fatores, como o fato de que a Coreia do Norte realiza um serviço militar de até 13 anos de duração, durante o qual é praticamente impossível escapar.

26 mil norte-coreanos desertaram rumo à Coreia do Sul nas últimas décadas. Desse total, 1.516 o fizeram em 2013, um número similar ao do ano anterior, embora longe dos quase 3 mil registrados em 2009, o ano de maior afluência.

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